segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

CALENDÁRIO LETIVO - 2011

Professores e Alunos sejam bem-vindos!

Mais um ano se inicia e aqui está nosso cantinho de postagens. Usem e abusem deste Blog. Não deixem suas atividades entre as quatro paredes da sala de aula.
Compartilhem, pois crescemos muito mais, quando socializamos nossas experiências com os outros.

sábado, 29 de janeiro de 2011

GUIA DE PESQUISA PARA SOLUÇÃO DE DÚVIDAS EM LÍNGUA PORTUGUESA

Apresentação:

Ao chegar ao terceiro ano de faculdade, um acadêmico de um curso qualquer de Licenciatura, em qualquer faculdade, deve fazer além de suas observações da escola física e das aulas ministradas pelo professor que acompanhará no processo, ele, o acadêmico, deverá formular um projeto de participação na escola.

Ao tentar pela primeira vez e tendo por fim fracassado, repeti meu estágio nesta mesma escola e que por fim acolheu-me da mesma forma como no ano passado: amigável e profissionalmente. Tive experiências inesquecíveis e desta forma pretendi deixar algo para a posteridade desta instituição, mas não levando o crédito: quis com que os alunos produzissem isto se mostrando capazes de encarar os desafios e utilizando-se deles para o futuro.

Ao saber da existência do Blog da Extensão da E.E.B. Gertrudes Benta Costa, aproveitei assim a oportunidade para deixar lá este trabalho maravilhoso composto por seus discentes com a intervenção e orientação do Professor Mauriclei Pfeifer, o professor deLíngua Portuguesa e também incentivador da idéia, pois ele mais que eu via a necessidade dos alunos para a assimilação das normas da língua e seu uso escrito, já que o uso de uma oralidade cheia de expressões e gírias aliada à falta de leitura dos alunos (não somente da escola, mas uma infeliz estatística nacional), criou a dificuldade para a elaboração de textos e compreensão de suas leituras, sendo que as atividades que culminaram neste trabalho em nada fugiram ao cronograma curricular do P.P.P. da escola .

Vimos o empenho de todos os alunos envolvidos; primeiramente assim agradecendo ao 1º Ano 13, 2º Ano 09 e os 3º Anos 09 e 10, que de fato são os que compuseram este presente trabalho; agradeço a Professora Sueli Biondo, por sua competência, dedicação, companheirismo e ética profissional, por ter depositado sua confiança nestes dois anos em que me encontro estagiando nesta escola; à Professora Marlene, que apesar de haver há pouco assumido o cargo de liderança que ocupa frente à Extensão, já demonstrou sua extrema preocupação e comprometimento além de ser também incentivadora do trabalho aqui exposto; ao Professor Mauriclei Pfeifer, anteriormente citado, mas que foi quem de fato tomou as rédeas desta composição e quem mais gostou da idéia de compor este trabalho, pois sabemos a dificuldade que os estudantes estão a enfrentar devido principalmente ao Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Por fim, agradeço a todos os professores da extensão por todo o acolhimento e paciência nestes dois anos; espelho-me em vocês na tentativa de poder também provocar mudanças, esperando que as possa fazer em breve e às demais turmas em que principalmente fiz minhas observações, pois é para vocês a dedicação destes meses para a composição deste trabalho.

P.S.: As referências bibliográficas que se encontram ao fim deste compêndio estão de acordo com os trabalhos que as possuíam tal qual me foram entregues, não seguindo desta forma os padrões ditados pela ABNT.

Atenciosamente

Fernando Pereira Gonçalves

Acadêmico do 4º Ano de Letras.

UNIVILLE – Joinville – SC.

Alunos 1° Ano 13:
Adriano Moreira Júnior
Adriano Souza do Prado
André Felipe Marcelino
Andriele Vieira Coelho
Ana Gabriela Bruhmuller
Bianca Moreira
Bruna Sabrina Franzner
Bruno Vichinheski
Camila dos Anjos
Caroline Ribeiro de Lima
Cleiton da Rocha
Daniel Linhares de Camargo
David Luis Ferreira
Diego Veloso Valinho
Ednaldo da S. Passos Filho
Felipe Lucas da Silva
Felipe Morais
Francisco Marlos A. Freitas
Janelson Ernesto de Aquino
Jaqueline de A. da Silva
Jeferson dos S. Cipriano
Jessica Guimara
João Paulo de S. Reis
José Carlos Poffo da C.
Juliano Palmeira
Kenelin Paes Vieira
Leandro Ederson Klein
Letícia da C. Silva
Luana S. Nepomuceno
Lucas Franca Cornelo
Lucas Preisner
Lucas Torres
Luiz F. do Nascimento
Mª Carolina Fca. Adolfo
Marisangela Alves
Rafael Bruno Schmitz
Rafael Lemes dos S.
Sabrina S. dos Santos
Sulivan Visentainer
Talisson H. Glock
Thiago Miranda da S.
Wanessa Doerner

Alunos do 2° Ano 09:
Adriele Wojhan da Rocha
Alana Regina Schechtel
Alexsandro Preis Dubinski
Alisson Augusto de Souza
Alisson Blazius
Allan Cristian Roters
Allan Macalossi Alves
Alyffe Fidencio da Costa
Ana Paula Maciel
Anderson Pereira
Bruna Bianchini Cardoso
Bruno Eduardo Bruhmuller
Camila Balieiro da Silva
Daiane Heerdt Caldera
Daniele Terezinha Maciel Olhaberriet
Eloisa Bruns Pedroso
Eloize dos Reis
Emanuely Moser dos Santos
Estefani Elias
Everton Schreiber Cruzetta
Fernando Martins Braga
Jaciara Jaqueline Inacio
Jaqueline Lorenzi Stawicki
Jean Rodrigues Moraes da Costa
Jenifer Pereira
Leonardo Kim Ribeiro
Leonardo Tenfen
Luis Fernando Pallarte
Mayara Nogueira Correia
Mayra dos Santos
Raquel da Silva
Renata Maia das Neves
Rosangela Thaize Inhance
Samuel Berkenbrock Junior
Tais Regina de Souza
Vitor Mateus Dallagnolo
Willian dos Passos

Alunos do 3° Ano 09:
Andre Nunes Cardoso
Bruna Marcela Brenneisen
Bruna Martinha de Souza
Caroline Gomes Dana
Cristiane de Souza
Daniel Fernando da Silva
Darlan dos Santos
Eduardo Finder
Eduardo Roberto da Costa
Elaine Felipe
Everton Scottini
Evilin Bosco Cardozo
Fernanda Correa da Silva
Fernanda Miriam Venancio
Franciele da Silveira Borges Barbosa
Francine Borges Barbosa
Graeny Janini da Silva
Guilhesme Aticos Warmling
Helena da Silva Monteiro
Ivan Ricardo Moreira
Jaqueline Sabino Correa
Jean Claude Pereira Machado
Jeniffer Giovana Tavares
Jessica Stefani da Luz
Leandro Vieira Elias
Lilian Ferrari
Manoela Jessica Ramos
Marcelo Augusto Kniss
Mayara de Mira Esmera
Nathane Lorencetti
Pamela Cristina Cordeiro
Patrick Hobold Borgert
Rafael da Silva Basso
Rafael da Silva Andrade
Rafaela Longo de Oliveira
Ryan Alexsander Rabello
Sarah Bernardo Ronchi
Suelen Mewes
Talita do Amaral
Willian Nielsen
Yasmin Buchling Habitzreuter
Alunos do 3° Ano 10:
Adrieli Gieteski
Alexsandro Anselmo Marcolino
Alexsandro Borges
Andre Felipe Lopes
Carlos Eduardo Neves
Caroline Ana Correia
Daniela Benedetti
Daniela da Silva Vargas
Danieli Paulino da Silva
Diego de Castro
Diogo do Amaral Vieira
Ederson Rodrigues
Evelin Mirian da Costa
Fabio Machado
Gabriela Mello Correa
Gislaine Moreira
Guilherme Foster da Silva
Indhyely Damas Monteiro
Jean Cesar Russi
Jessica Marceli Aparecida da Silva
Jhenifer Sarda Mauricio
João Carlos Fossile
José Campos Fernandes Júnior
Josiane da Silva
Katherine Fock
Leticia Doerffeler
Loreni Stella Fagundes
Macela Mayara Carvalho da Paixão
Marcus Vinicius dos Santos
Naiara Cristine Bueno de Mendonça
Reinaldo José Florêncio
Renato Augusto de Medeiros
Rodrigo Martins Waschel
Rodrigo Stange Cardoso
Samara Coelho Vieira
Sivaldo Pereira Pravato
Tânia Regina Pereira
Thais Regina de Oliveira Ribas
Vanderlei Basso
Vanessa Heidemann Bispo dos Santos
Vitor Fagundes de Oliveira.

Dúvidas mais frequentes em nossa escrita:

1. Encontros Vocálicos, Classificação Silábica Tônica e Regras de Acentuação:

Os encontros vocálicos são agrupamentos de vogais e semivogais, sem consoantes intermediárias. E importante reconhecê-los para fazermos a correta divisão silábica dos vocábulos. Há três tipos de encontros:
a) hiato - é o encontro de duas vogais num vocábulo, como em saída (sa-í-da). Os hiatos são sempre separados quando da divisão silábica: mô-o, ru-im, pa-ís;
b) ditongo - é o encontro de uma vogal com uma semivogal ou de uma semivogal com uma vogal; em ambos os casos, vogal e semivogal pertencem obviamente a uma mesma sílaba. O encontro vogal + semivogal é chamado de ditongo decrescente (como em moita, cai, mói). O encontro semivogal + vogal forma o ditongo crescente (como em qual, pá-tria, sério). Os ditongos podem ser classificados ainda em orais (todos os apresentados até agora) e nasais (como mãe ou pão);
C) tritongo - é a seqüência formada por uma semivogal, uma vogal e uma semivogal, sempre nessa ordem. O tritongo pertence a uma única sílaba: Pa-ra-guai, quão. Os tritongos podem ser orais ( Paraguai) ou nasais (quão).
Observações:
1. A terminação -em (/êj/) em palavras como ninguém, alguém, também, porém e a terminação -am (/áw/) em palavras como cantaram, amaram, falaram representam ditongos nasais decrescentes.
2. É tradicional considerar hiato o encontro entre uma semivogal e uma vogal ou entre uma vogal e uma semivogal que pertencem a sílabas diferentes. Isso ocorre quando há contato entre uma vogal e um ditongo, como em i-déi-a, io-iô.
3. Há alguns encontros vocálicos átonos e finais que são chamados de instáveis porque podem ser pronunciados como ditongos ou como hiatos: -ia (pátria), -ie (espécie), -io (pátio), -ua (árdua), -ue (tênue), -uo (vácuo). A tendência predominante é pronunciá-los como ditongos.

Esses conceitos são a prévia para outro tipo de dificuldade muito corrente entre os todos, pois qualquer um enfrenta dificuldades em relação à Acentuação.

Antes de saber como são as regras de acentuação, devemos saber queelas foram criadas para estabelecer um sistema que organize a questão da tonicidade (intensidade de pronúncia)da sílaba portuguesa.

Quando você diz café, uma das sílabas é pronunciada com mais intensidade do que a outra. Você deve ter percebido que a sílaba mais forte é fé, que é a tônica. A outra sílaba, “ca”, é fraca, ou seja, é pronunciada com pouca intensidade tonal. Por isso é átona. A parte da acentuação que estuda a posição dessas sílabas nas palavras recebe o nome de acentuação tônica.

Na língua escrita, há elementos que procuram apresentar a posição da sílaba tônica e outras particularidades, como timbre (abertura) e nasalização das vogais. Esses elementos são os chamados acentos gráficos. O estudo das regras que disciplinam o uso adequado desses sinais é a acentuação gráfica. Quanto à acentuação das sílabas tônicas, quem nunca ouviu aquela famosa brincadeira que se faz com as palavras sabia/sabiá? "Você sabia que o sabiá sabia assobiar?" A brincadeira se baseia na diferente posição da sílaba tônica de sabia (bi) e de sabiá (á). Seria possível, ainda, acrescentar à brincadeira a palavra sábia, cuja sílaba tônica é “sá”. Na língua portuguesa, a sílaba tônica pode aparecer em três diferentes posições; consequentemente, as palavras podem receber três classificações quanto a esse aspecto:

a) oxítonas são aquelas cuja sílaba tônica É a última: você, café, jiló, alguém, ninguém, paul, ruim, carcará, vatapá, anzol, condor;
b) paroxítonas são aquelas cuja sílaba tônica é a penúltima: gente, planeta, homem, alto, âmbar, éter, dólar, pedra, caminho, amável, táxi, hífen, álbum, vírus, tórax;
c) proparoxítonas - são aquelas cuja sílaba tônica é a antepenúltima: lágrima, trânsito, xícara, úmido, Alcântara, mágico, lâmpada, ótimo, médico, fanático.

Você observou que, nos exemplos dados para os três casos, só há palavras com mais de uma sílaba. Quanto às de apenas uma sílaba, os chamados monossílabos, há divergências quanto à sua classificação tônica. Quando apresentam tonicidade, como no caso de má, pó, fé, há quem as considere simplesmente monossílabos tônicos. Outros preferem dizer que são "oxítonas de apenas uma sílaba". A questão é polêmica, mas a primeira tese monossílabos tônicos) tem mais adeptos.

É importante destacar que só se percebe se um monossílabo é tônico ou átono pronunciando-o numa seqüência de palavras, ou seja, numa frase. Experimente com o verbo pôr e a preposição por. Leia a frase "Fazer por fazer" e depois substitua o verbo fazer pelo verbo pôr ("Pôr por pôr"). Que tal? Fica clara a diferença entre o verbo, que é tônico, e a preposição, que é átona. Note que o “o” da preposição por tende a ser lido como u ("pur"), o que é um sintoma da atonicidade.

Qual é a sílaba tônica de pele? Como você pronuncia o segundo e? Como i ("peli"), não é? O e átono é pronunciado como “i”, e o “o”, como u.Veja esta frase:
Há pessoas extremamente más, mas há outras extremamente boas.
Percebeu a diferença entre más e mas? A primeira é um monossílabo tônico; a segunda é um monossílabo átono. Em português, existem algumas palavras dissílabas átonas, como a preposição para.

A língua culta determina a posição correta da sílaba tônica de uma palavra. É muito comum a divergência entre a pronúncia praticada no dia-a-dia e a recomendada pelos dicionários e gramáticas. Quase ninguém pronuncia "dúplex" (paroxítona), como recomendam os dicionários.

O que se ouve mesmo é "duplex" (oxítona). A parte da Fonologia que estuda e fixa a posição da sílaba tônica é a prosódia. Quando ocorre um erro de prosódia, ou seja, a troca da posição da sílaba tônica, verifica-se o que se chama de silabada. É bom lembrar que a pronúncia culta sempre prevalece nesses casos.

Leia em voz alta as palavras a seguir, destacando a sílaba tônica. Procure memorizar e empregar a forma culta desses vocábulos.
São oxítonas: cateter, condor, ruim, ureter, Nobel, mister ("Para viver um grande amor, mister é ser homem de uma só mulher" - Vinicius de Moraes).

São paroxítonas: avaro, austero, aziago, ciclope, filantropo, ibero, pudico, juniores, látex, recorde, rubrica, têxtil.

São proparoxítonas: aerólito, ínterim, aríete, levedo, ômega, bávaro, crisântemo, monólito, transfuga.

Existem palavras que admitem dupla pronúncia: acróbata/acrobata;
hieróglifo/hieroglifo; projétil/projetil; reptil/reptil; Oceânia/Oceania;
transistor/transistor; xérox/xerox. O melhor mesmo é não "chutar". Dúvidas quanto à prosódia devem ser resolvidas por meio de consulta a um bom dicionário.

Quanto à acentuação gráfica, ela consiste na aplicação de certos sinais escritos sobre algumas letras para representar o que foi estipulado pelas regras de acentuação, que estudaremos adiante. Esses sinais, que fazem parte dos diacríticos - além dos acentos, o trema, o til, o apóstrofo e o hífen -,são:
a) o acento agudo (‘) - colocado sobre as letras a, i, u e sobre o e do grupo -em, indica que essas letras representam as vogais tônicas da palavra: carcará, caí, súdito, armazém.
Sobre as letras “e” e “o”, indica, além de tonicidade, timbre aberto: lépido, céu, léxico, apóiam;
b) o acento circunflexo (^) - colocado sobre as letras “a”, “e” e “o”, indica, além de tonicidade, timbre fechado: lâmpada, pêssego, supôs, vêem, Atlântico;
c) o trema (“) - indica que o u é semivogal, ou seja, é pronunciado atonamente nos grupos gue, gui, que, qui: ungüento, sagüi, seqüestro, eqüino;
d) o til (~) - indica que as letras a e o representam vogais nasais: alemã, órgão, portão, expõe, corações, ímã;
e) o acento grave (`) - indica a ocorrência da fusão da preposição a com os artigos a e as, com os pronomes demonstrativos a e as e com a letra a inicial dos pronomes aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo: à, às, àquele, àquilo.

As regras de acentuação foram criadas para sistematizar a leitura das palavras
portuguesas. Seu objetivo é deixar claros todos os procedimentos necessários para que ninguém tenha nenhuma dúvida quanto à posição da sílaba tônica, o timbre da vogal, o fonema representado pela letra u, a nasalização da vogal.

As regras fundamentais de acentuação gráfica baseiam-se numa constatação que pode facilmente ser observada nas palavras que aparecem na canção "Onde anda você", de Hermano Silva e Vinicius de Moraes, cuja letra diz:

E, por falarem saudade, onde anda você?
Onde andam seus olhos, que a gente não vê?
Onde anda esse corpo, que me deixou morto de tanto prazer?
E, por falarem beleza, onde anda a canção que se ouvia na noite,
Nos bares de então, onde a gente ficava, onde a gente se amava
Em total solidão?
Hoje eu saio na noite vazia, numa boemia sem razão de ser
Na rotina dos bares, que, apesar dos pesares, me trazem você
E, por falarem paixão, em razão de viver
Você bem que podia me aparecer
Nesses mesmos lugares, na noite, nos bares
Onde anda você?

Há no texto 106 palavras. Você pode conferir, se não confiar na contagem. Aproveite e procure as palavras proparoxítonas do texto. Procurou? Quantas há? Nenhuma.
Das palavras de mais de uma sílaba (sessenta e duas), quarenta e três são paroxítonas.
Esses dados correspondem exatamente ao perfil básico da tonicidade das palavras da língua portuguesa: as proparoxítonas são pouco comuns, as paroxítonas são maioria e as oxítonas ocupam a vice-liderança.
Além disso, é possível observar que todas as paroxítonas do texto terminam em “a”, “e” e “o”, e nenhuma recebe acento gráfico. Esses fatos provam que as regras foram feitas para evitar a acentuação das palavras mais comuns na língua. Aliás, você deve ter percebido que, das 106 palavras do texto, apenas oito recebem algum tipo de acento, incluindo o til, e que só a palavra você apareceu quatro vezes.
As regras de acentuação se regem por princípio da economia: por isso esta (paroxítona) não recebe acento, mas está (oxítona) sim.
E por que você, oxítona terminada em e, leva acento? Porque as oxítonas terminadas em e são menos numerosas que as paroxítonas terminadas em “e”. Para comprovar isso, basta verificar que quase todos os verbos apresentam pelo menos uma forma paroxítona terminada em e (fale, pense, grite, estude, corre, sofre, perde, vende, permite, dirige, assiste, invade). E o que se acentua, a maioria ou a minoria? A minoria, sempre a minoria.
Que tal, então, parar de dizer que há muitos acentos em português?

Como vimos, as regras de acentuação gráfica procuram reservar os acentos para as palavras que se enquadram nos padrões prosódicos menos comuns da língua portuguesa.
Disso, resultam as seguintes regras básicas:
a) proparoxítonas - são todas acentuadas. E o caso de: lâmpada, Atlântico, Júpiter, ótimo, flácido, relâmpago, trôpego, lúcido, víssemos.
b) paroxítonas - são as palavras mais numerosas da língua e justamente por isso as que recebem menos acentos. São acentuadas as que terminam em:
i, is: táxi, beribéri, lápis, grátis; us, um, uns: vírus, bônus, álbum, parabélum (arma de fogo), álbuns, parabéluns; l, n, r, x, ps: incrível, útil, próton, elétron, éter, mártir, tórax, ônix, bíceps, fórceps; ã, ãs, ão, ãos: ímã, órfã, ímãs, órfãs, bênção, órgão, órfãos, sótãos; ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não de s: água, árduo, pônei, vôlei, cáries, mágoas, pôneis, jóqueis.
c) oxítonas - são acentuadas as que terminam em:
a, as: Pará, vatapá, estás, irás;
e, es: você, café, Urupês, jacarés;
o, os: jiló, avô, retrós, supôs;
em, ens: alguém, vintém, armazéns, parabéns.

Verifique que essas regras criam um sistema de oposição entre as terminações das oxítonas e as das paroxítonas. Compare as palavras dos pares seguintes e note que os acentos das paroxítonas e os das oxítonas são mutuamente excludentes:
portas (paroxítona, sem acento) e atrás (oxítona, com acento);
pele (paroxítona, sem acento) e café (oxítona, com acento);
corpo (paroxítona, sem acento) e maiô (oxítona, com acento);
garantem (paroxítona, sem acento) e alguém (oxítona, com acento);
hífens (paroxítona, sem acento) e vinténs (oxítona, com acento);
táxi (paroxítona, com acento) e aqui (oxítona, sem acento).
d) monossílabos tônicos - são acentuados os terminados em:
a, as: pá, vá, gás, Brás;
e, es: pé, fé, mês, três;
o, os: só, xô, nós, pôs.

Além dessas regras que você acabou de estudar e que se baseiam na posição da sílaba tônica e na terminação, há outras, que levam em conta aspectos específicos da sonoridade das palavras. Essas regras são aplicadas nos seguintes casos:
Quando a segunda vogal do hiato for i ou u, tônicos, acompanhados ou não de s, haverá acento: saída, proíbo, faísca, caíste, saúva, viúva, balaústre, carnaúba, país, aí, baú,
segunda vogal: i ou u tônico.
Cuidado: se o i for seguido de nh, não haverá acento. É o caso de: rainha, moinho, tainha, campainha. Também não haverá acento se a vogal i ou a vogal u se repetirem, o que ocorre em poucas palavras: vadiice, sucuuba, mandriice, xiita.
Convém lembrar que, quando a vogal i ou a vogal u forem acompanhadas de outra letra que não seja s, não haverá acento: ruim, juiz, paul, Raul, cairmos, contribuiu, contribuinte.
Quando, nos grupos ee e oo, a primeira vogal for tônica, haverá acento circunflexo: crêem, dêem, lêem, vêem, descrêem, relêem, prevêem, revêem, côo, vôo, enjôo, magôo, abotôo.
Note que a terminação êem é exclusiva dos verbos crer, dar, ler, ver e derivados (descrer, reler, prever, rever, antever e outros). Não ocorre a terminação êem nos verbos ter, vir e derivados (deter, manter, entreter, conter, reter, obter, abster, intervir, convir, provir e outros).
Ocorre acento na vogal tônica dos ditongos ei, eu, oi, desde que sejam abertos, como em anéis, aluguéis, coronéis, idéia, geléia, céu, chapéu, réu, véu, troféu, apóiam, heróico, jóia, estóico, esferóide.
Cuidado: não haverá acento se o ditongo for aberto, mas não tônico:
chapeuzinho, heroizinho, aneizinhos, pasteizinhos, ideiazinha. Você notou que, em todas essas palavras, a sílaba tônica é “zi”. Se o ditongo apresentar timbre fechado, também não haverá acento, como em azeite, manteiga, eu, judeu, hebreu, apoio, arroio, comboio.
Coloca-se trema sobre a letra u pronunciada atonamente nos grupos gue, gui, que, qui, nos quais acaba ocorrendo ditongo crescente: lingüiça, seqüestro, eqüino, agüentar, ungüento, tranqüilo, conseqüência, argüir.
Cuidado: se nesses mesmos grupos (gue, gui, que, qui) a letra u for pronunciada tonicamente, haverá acento agudo, como em apazigúe, obliqúe, argúi, argúem, averigúe, averigúem, obliqúem.
Para acentuar as formas verbais associadas a pronomes oblíquos, leve em conta apenas o verbo, desprezando o pronome. Considere a forma verbal do jeito que você a pronuncia e aplique a regra de acentuação correspondente. Em cortá-lo, considere cortá, oxítona terminada em a e, portanto, acentuada. Em incluí-lo, considere incluí, em que ocorre hiato. Já em produzi-lo, não há acento, porque produzi é oxítona terminada em i
Existem algumas palavras que recebem acento excepcional, para que sejam diferenciadas, na escrita, de suas homônimas. São casos muito particulares e, por isso mesmo, pouco numerosos. Convém iniciar a relação lembrando o acento que diferencia a terceira pessoa do singular da terceira pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos ter e vir:
ele tem - eles têm
ele vem - eles vêm
Com os derivados desses verbos, é preciso lembrar que há acento agudo na terceira pessoa do singular e circunflexo na terceira do plural do presente do indicativo:
ele detém - eles detêm
ele mantém - eles mantêm
ele intervém - eles intervêm
ele provém - eles provêm
ele obtém - eles obtêm
ele convém - eles convêm
Existe apenas um acento diferencial de timbre em português: pôde (terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do verbo poder), diferencial de pode (terceira do singular).
Há ainda algumas palavras que recebem acento diferencial de tonicidade, ou seja, são palavras que se escrevem com as mesmas letras, mas têm oposição tônica (uma é tônica, a outra é átona). São as seguintes:
pôr (verbo)
por (preposição)
pára (forma do verbo parar, também presente em algumas palavras compostas:
pára-brisa, pára-quedas, pára-raios, pára-lama)
para (preposição)
côas, côa (formas do presente do indicativo do verbo coar)
coas, coa (preposição com + artigo a e as, respectivamente; essas formas são comuns em poesia)
péla, pélas (formas do verbo pelar, ou substantivos)
pela, pelas (contrações de preposição e artigo)
pêlo, pêlos (substantivos)
pélo (forma do verbo pelar)
pelo, pelos (contrações de preposição e artigo)
pêra (substantivo)
péra (substantivo)
pera (preposição arcaica)
pêro, Pêro (substantivos)
pero (conjunção arcaica)
pôla (substantivo)
póla (substantivo)
pola (contração arcaica de preposição e artigo)
pôlo (substantivo)
pólo (substantivo)
polo (contração arcaica de preposição e artigo)

Bem, como se pode ver, há certa divergência entre o acima proposto e o Novo Acordo, por isso seguem as dicas das novas mudanças de acentuação:
1. Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba).

Como era Como fica
alcalóide alcaloide
alcatéia alcateia
andróide androide
Atenção: essa regra é válida somente para palavras paroxítonas. Assim, continuam a ser acentuadas as palavrasoxítonas e os monossílabos tônicos
Terminados em éis e ói(s).
Exemplos: papéis, herói, heróis, dói (verbo doer), sóis etc.
2. Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos
quando vierem depois de um ditongo decrescente.
Atenção: 1) se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final
(ou seguidos de s), o acento permanece.
Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí;
2) se o i ou o u forem precedidos de ditongo crescente, o acento permanece.
Exemplos: guaíba, Guaíra.
3. Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem e ôo(s).
4. Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para, péla(s)/
pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.
Atenção!
• Permanece o acento diferencial em pôde/pode. Pôde é a forma do passado
do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3.ª pessoa do singular.
Pode é a forma do presente do indicativo, na 3.ª pessoa do singular.
Exemplo: Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode.
• Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição.
Exemplo: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.
• Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos
ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.).
• É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/ fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais clara. Veja este exemplo: Qual é a forma da fôrma do bolo?
5. Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele)
argui, (eles) arguem, do presente do indicativo do verbo arguir. O mesmo
vale para o seu composto redargüir.
6. Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e
quir, como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar,
delinquir etc. Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas
do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo.
Veja:
a) se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas.
Exemplos:
• verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue,
enxágues, enxáguem.
• verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua,
delínquas, delínquam.
b) se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas.
Exemplos (a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada
mais fortemente que as outras):
• verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague,
enxagues, enxaguem.
• verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua,
delinquas, delinquam.
Atenção: no Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, aquela com a e
i tônicos.
Visto os conceitos anteriores, um dos assuntos mais importantes da nossa língua e que é causa das maiores “dores de cabeça” para os estudantes principalmente na hora de escrever, é ao mesmo tempo o tipo de palavra que mais rege a vida: os substantivos:
Conhecer bem os substantivos constitui tarefa crucial para quem deseja se expressar com precisão na norma culta. Caso contrário, corre-se o risco de apelar para substantivos" como "trecos" e "coisos".
O conceito de substantivo é a palavra que nomeia os seres. O conceito de seres deve incluir os nomes de pessoas, de lugares, de instituições, de grupos, de indivíduos e de entes de natureza espiritual ou mitológica.
Além disso devem incluir nomes de ações, estados, qualidades, sensações, sentimentos: acontecimento, honestidade, amor, correria, miséria, liberdade, encontro, integridade, cidadania, etc.

CLASSIFICAÇÃO
Quanto à sua formação, os substantivos são classificados em simples e compostos, primitivos ou derivados. Quanto ao seu significado e abrangência, em concretos e abstratos, comuns e próprios.

SUBSTANTIVOS SIMPLES E COMPOSTOS
Os substantivos simples apresentam um único radical em sua estrutura: chuva, livro, livreiro, guarda, flor, desenvolvimento.

SUBSTANTIVOS PRIMITIVOS E DERIVADOS
Os substantivos que não provêm de qualquer outra palavra da língua são chamados de primitivos: árvore, folha, flor, carta, dente, pedra.
Os substantivos formados a partir de outras palavras da língua pelo processo de derivação são chamados de derivados: arvoredo, folhagem, florista, florada, carteiro, dentista, pedreiro, cartada.

SUBSTANTIVOS CONCRETOS E ABSTRATOS
Os substantivos que dão nome a seres de existência independente, reais ou imaginários, são chamados concretos.
Note que são considerados concretos os substantivos que nomeiam divindades ou seres fantásticos, pois, existentes ou não, são tomados sempre como seres dotados de vida própria.
Os substantivos que dão nome a estados, qualidades, sentimentos ou ações são chamados abstratos.
Em todos esses casos, nomeiam-se conceitos cuja existência depende sempre de um ser para manifestar-se: é necessário alguém ser ou estar triste para a tristeza manifestar-se; é necessário alguém beijar ou abraçar para que ocorra um beijo ou um abraço.
Purificação e suplício são exemplos de substantivos abstratos: para que haja punição ou suplício, é necessário que alguém se purifique ou se suplicie.

SUBSTANTIVOS COMUNS E PRÓPRIOS
Os substantivos que designam todo e qualquer indivíduo de uma espécie de seres são chamados comuns, com por exemplo homem, cachorro, país; os próprios designam por sua vez um ser específico, usando os exemplos acima, Bidu, José e Brasil são substantivos próprios.

SUBSTANTIVOS COLETIVOS
Há um tipo de substantivo comum que nomeia conjuntos de seres de uma mesma espécie: é o chamado substantivo coletivo. Colocamos a seguir uma relação dos principais coletivos da língua portuguesa; lendo-a atentamente, você vai perceber que muitos deles são de uso bastante comum e facilitam a construção de frases mais concisas e precisas. Alguns exemplos destacáveis são colméia (conjunto de abelhas), esquadrilha (conjunto de aviões; malta, corja ou quadrilha (conjunto de bandidos), etc.

FLEXÕES DE GÊNERO
Os substantivos em português podem pertencer ao gênero masculino ou ao gênero feminino. São masculinos os substantivos a que se pode antepor o artigo o e os substantivos femininos por sua vez são aqueles que se podem antepor o artigo a.


FLEXÃO DE NÚMERO
Os substantivos flexionam-se também em número: podem assumir a forma do singular (referem-se a um único ser ou a um único conjunto de seres) ou do plural (referem-se a mais de um ser ou conjunto de seres).

SUBSTANTIVOS COMPOSTOS
A formação do plural dos substantivos compostos depende da forma como são grafados, do tipo de palavras que formam o composto e da relação que estabelecem entre si.
Aqueles que são grafados ligadamente (sem hífen) Comportam-se como os substantivos simples:
aguardente/aguardentes
malmequer/malmequeres
girassol/girassóis
pontapé/pontapés
O plural dos substantivos compostos cujos elementos são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e discussões. Algumas orientações são dadas a seguir.
Nos compostos em que o primeiro elemento é um verbo ou uma palavra invariável (normalmente um advérbio) e o segundo elemento é um substantivo ou um adjetivo, coloca-se apenas o segundo elemento no plural:
beija-flor/beija-flores alto-falante/alto-falantes
bate-boca/bate-bocas grão-duque/grão-duques
sempre-viva/sempre-vivas
Assemelham-se a esses substantivos aqueles formados pelo acréscimo de um prefixo ligado por hífen:
vice-presidente/vice-presidentes
abaixo-assinado/abaixo-assinados
auto-elogio/auto-elogios
recém-nascido/recém-nascidos
ex-namorado/ex-namorados

Neste assunto é que podemos falar acerca de um assunto que mudou com o novo acordo ortográfico, pois palavras compostas, munidas ou não de hífen sofreram mudanças a partir do ano passado, vejamos quais foram estas mudanças:
1. Usa-se o hífen nas palavras compostas que não apresentam elementos de ligação. Alguns exemplos são: guarda-chuva, arco-íris, boa-fé,segunda-feira, mesa-redonda, vaga-lume, joão-ninguém, porta-malas, porta-bandeira, pão-duro, bate-boca.
Exceções: Não se usa o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista, paraquedismo.
2. Usa-se o hífen em compostos que têm palavras iguais ou quase iguais, sem elementos de ligação. Exemplos: reco-reco, blá-blá-blá, zum-zum, tico-tico, tique-taque, cri-cri, glu-glu, rom-rom, pingue-pongue, zigue-zague, esconde-esconde, pega-pega, corre-corre.
3. Não se usa o hífen em compostos que apresentam elementos de ligação. Exemplos: pé de moleque, pé de vento, pai de todos, dia a dia, fim de semana, cor de vinho, ponto e vírgula, camisa de força, cara de pau, olho de sogra.
Incluem-se nesse caso os compostos de base oracional. Exemplos: maria vai com as outras, leva e traz, diz que diz que, deus me livre, deus nos acuda, cor de burro quando foge, bicho de sete cabeças, faz de conta.
Exceções: água-de-colônia, arco--da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa.
4. Usa-se o hífen nos compostos entre cujos elementos há o emprego do apóstrofo. Exemplos: gota-d’água, pé-d’água.
5. Usa-se o hífen nas palavras compostas derivadas de topônimos (nomes próprios de lugares), com ou sem elementos de ligação. Exemplos: Belo Horizonte —belo-horizontino
Porto Alegre — porto-alegrense
Mato Grosso do Sul — mato-grossense-do-sul
Rio Grande do Norte — rio-grandense-do-norte
África do Sul — sul-africano
6. Usa-se o hífen nos compostos que designam espécies animais e botânicas (nomes de plantas, flores, frutos, raízes, sementes), tenham ou não elementos de ligação. Exemplos: bem-te-vi, peixe-espada, peixe-do-paraíso,
mico-leão-dourado, andorinha-da-serra, lebre-da-patagônia, erva-doce, ervilha-de-cheiro, pimenta-do-reino, peroba-do-campo, cravo-da-índia.
Obs.: não se usa o hífen, quando os compostos que designam espécies botânicas e zoológicas são empregados fora de seu sentido original. Observe a
diferença de sentido entre os pares:
a) bico-de-papagaio (espécie de planta ornamental) - bico de papagaio (deformação nas vértebras).
b) olho-de-boi (espécie de peixe) - olho de boi (espécie de selo postal).
As observações a seguir referem-se ao uso do hífen em palavras formadas por prefixos (anti, super, ultra, sub etc.) ou por elementos que podem funcionar como prefixos (aero, agro, auto, eletro, geo, hidro, macro, micro, mini, multi, neo etc.).
1. Usa-se o hífen diante de palavrainiciada por h. Exemplos: anti-higiênico, anti-histórico, macro-história, mini-hotel, proto-história, sobre-humano, super-homem, ultra-humano.
2. Usa-se o hífen se o prefixo terminar com a mesma letra com que se inicia a outra palavra. Exemplos: micro-ondas, anti-inflacionário, sub-bibliotecário, inter-regional.
3. Não se usa o hífen se o prefixo terminar com letra diferente daquela com que se inicia a outra palavra. Exemplos: autoescola, antiaéreo, intermunicipal, supersônico, superinteressante, agroindustrial, aeroespacial, semicírculo.
Se o prefixo terminar por vogal e a outra palavra começar por r ou s, dobram- se essas letras. Exemplos: minissaia, antirracismo, ultrassom, semirreta.
Há também os casos particulares que seguem abaixo:

1. Com os prefixos sub e sob, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r. Exemplos: sub-região, sub-reitor, sub-regional, sob-roda.
2. Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal. Exemplos: circum-murado, circum-navegação, pan-americano.
3. Usa-se o hífen com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, vice. Exemplos: além-mar, além-túmulo, aquém-mar, ex-aluno, ex-diretor, ex-hospedeiro, ex-prefeito, ex-presidente, pós-graduação, pré-história, pré-vestibular, pró-europeu, recém-casado, recém-nascido, sem-terra, vice-rei.
4. O prefixo co junta-se com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o ou h. Neste último caso, corta-se o h. Se a palavra seguinte começar com r ou s, dobram-se essas letras. Exemplos: coobrigação, coedição, coeducar, cofundador, coabitação, coerdeiro, correu, corresponsável, cosseno.
5. Com os prefixos pre e re, não se usa o hífen, mesmo diante de palavras começadas por e. Exemplos: preexistente, preelaborar, reescrever, reedição.
6. Na formação de palavras com ab, ob e ad, usa-se o hífen diante de palavra começada por b, d ou r. Exemplos: ad-digital, ad-renal, ob-rogar.
Há outros casos de uso do hífen, que seguem abaixo:
1. Não se usa o hífen na formação de palavras com não e quase. Exemplos: (acordo de) não agressão, (isto é um) quase delito.
2. Com mal*, usa-se o hífen quando a palavra seguinte começar por vogal,
h ou l. Exemplos: mal-entendido, mal-estar, mal-humorado, mal-limpo.
Quando mal significa doença, usa-se o hífen se não houver elemento de
ligação. Exemplo: mal-francês. Se houver elemento de ligação, escreve-se sem o hífen. Exemplos: mal de lázaro, mal de sete dias.
3. Usa-se o hífen com sufixos de origem tupi-guarani que representam formas adjetivas, como açu, guaçu, mirim. Exemplos: capim-açu, amoré-guaçu, anajá-mirim.
4. Usa-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se
combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos
vocabulares. Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.
5. Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte. Exemplos: Na cidade, conta-se que ele foi viajar. O diretor foi receber os ex-alunos.
Dessa forma, já podemos dizer que as frequentes dúvidas relativas no “grosso” do novo acordo já foram explicadas, pois além do já demonstrado até aqui, as outras mudanças de fato significativas foram a inclusão das letras K, W e Y ao nosso alfabeto, algo antes não formalizado e a extinção do trema, cujo uso somente continuará nas palavras de origem estrangeira, principalmente de origem germânica e nórdica, línguas estas que fazem uso freqüente deste sinal.
Outra classe gramatical que merece destaque em nosso enfoque é o artigo, o Artigo é por sua vez a palavra que acompanha o substantivo, servindo basicamente para generalizar ou particularizar o sentido desse substantivo. É o que se nota no contraste entre:
(um) cidadão/(o) cidadão
(um) portão/(o) portão
(um) animal/(o) animal
(uma) flor/(a) flor
Em muitos casos, o artigo é essencial na especificação do gênero e do número do substantivo:
O jornalista recusou o convite do representante dos artistas.
A jornalista recusou o convite da representante das artistas.
A empresa colocou em circulação o ônibus de três eixos.
A empresa colocou em circulação os ônibus de três eixos.
Quando antepostos a palavras de qualquer classe gramatical, os artigos as transformam em substantivos. Nesses casos, ocorre a chamada derivação imprópria, que já estudamos:
É um falar que não tem fim.
O assalariado vive um sofrer interminável.
O aqui e o agora nem sempre se conjugam favoravelmente.
2. CLASSIFICAÇÃO
Em função da sua capacidade de generalizar ou particularizar o sentido do substantivo com que se relaciona, o artigo é classificado em definido e indefinido.
O artigo indefinido indica seres quaisquer dentro de uma mesma espécie; seu sentido é genérico. Assume as formas um, uma; uns, umas:
Gosto muito de animais: queria ter um cachorro, uma gata, uns tucanos e umas araras.
O artigo definido indica seres determinados dentro de uma espécie; seu sentido é particularizante. Assume as formas o, a; os, as:
Meu vizinho gosta muito de animais: você precisa ver o cachorro, a gata, os tucanos e as araras que ele tem em casa.
3. COMBINAÇÕES DOS ARTIGOS
É muito freqüente a combinação dos artigos definidos e indefinidos com preposições. O quadro seguinte apresenta a forma assumida por essas combinações.
Preposição: a, de, em por (per)
Artigo: o, os, a, as, um, uns, uma, umas combinações: ao, aos, à, às, do, dos, da, das, dum, duns, duma, dumas, no, nos, na, nas, num, nuns, numa, numas, pelo, pelos, pela, pelas.
OBSERVAÇÕES:
1. As formas à e às indicam a fusão da preposição a com o artigo definido. Essa fusão e vogais idênticas é conhecida por crase.
A crase ocorre enfim pela contração/fusão do artigo definido feminino junto à preposição a; porém ela também se funde ao pronome aquele e aquela.
2. As formas pelo(s) / pela(s) resultam da combinação dos artigos definidos com a forma per, equivalente a por.
Outro acompanhante do substantivo é a classe dos adjetivos, os adjetivos por sua vez nós os usamos para qualificar o substantivo, como na expressão "economia brasileira".
Adjetivo é a palavra que caracteriza o substantivo, atribuindo-lhe qualidades (ou defeitos) e modos de ser, ou indicando-lhe o aspecto ou o estado: sindicato fictício, eficiente, deficitário, representativo.
Observe que é necessário apresentar a relação que se estabelece entre o substantivo e o adjetivo para poder conceituar este último. Na realidade, substantivos e adjetivos
apresentam muitas características semelhantes e, em muitas situações, a distinção entre ambos só é possível a partir de elementos fornecidos pelo contexto:
O jovem brasileiro tomou-se participativo.
O brasileiro jovem enfrenta dificuldades para ingressar no mercado de trabalho.
Na primeira frase, jovem é substantivo, e brasileiro é adjetivo. Na segunda, invertem-se esses papéis: brasileiro é substantivo, e jovem passa a ser adjetivo.
Ser adjetivo ou ser substantivo não decorre, portanto, de características morfológicas davpalavra, mas de sua atuação efetiva numa frase da língua.
Há conjuntos de palavras que têm o valor de um adjetivo: são as locuções adjetivas.
Essas locuções são normalmente formadas por uma preposição e um substantivo ou por uma preposição e um advérbio; para muitas delas, existem adjetivos equivalentes: conselho (de pai) (=paterno), inflamação (da boca) (= bucal), atitude (sem qualquer cabimento), alma (em frangalhos), jornal (de ontem), gente (de longe).
Quanto à sua estrutura e formação, os adjetivos têm classificação idêntica à dos, substantivos: são primitivos ou derivados, simples ou compostos.
Os adjetivos primitivos não são formados por derivação de nenhuma outra palavra: deles é que se formam outras palavras. São exemplos: azul, branco, brando, claro, curto, grande, livre, triste, verde.
Adjetivos derivados são aqueles formados por derivação de outras palavras: cheiroso, invisível, infeliz, esverdeado, desconfortável, azulado entristecido.
Os adjetivos simples apresentam um único radical em sua estrutura. E o caso de todos os exemplos apontados no item anterior. Os compostos apresentam pelo menos dois radicais em sua estrutura: ítalo-brasileiro, luso-africano, socioeconômico, políticoinstitucional, sul-rio-grandense.
Um outro ponto importante para que se possa evitar possíveis deslizes não só em textos, mas na fala é o Pronome e o seu uso.
Pronomes são palavras que representam os seres ou se referem a eles. Podem substituir os substantivos ou acompanhá-los, para tornar-lhes claro o sentido. Em "Eu pus os meus pés no riacho e acho que nunca os tirei" (da canção "Força estranha", de Caetano Veloso), o pronome meus acompanha o substantivo pés, indicando noção de posse. O pronome os substitui o substantivo pés.
Os pronomes permitem, ainda, identificar o ser como sendo aquele que utiliza a língua no momento da comunicação (eu, nós), aquele a que a comunicação é dirigida (tu, você, vós, vocês, Vossa Senhoria, Senhor) ou também como aquele ou aquilo que não participa do ato comunicativo, mas é mencionado (ele, ela, aquilo, outro, qualquer, alguém, etc.). O pronome também pode referir-se a um determinado ser, relacionando-o com as pessoas do discurso. Pode estabelecer outras relações, além da de posse, já citada, como a idéia de proximidade com a primeira pessoa (esta blusa, isto), com a segunda pessoa (essa blusa, isso) e com a terceira pessoa (aquela blusa, aquilo).
Quando um pronome faz as vezes de um substantivo, ou seja, quando o representa, é chamado de pronome substantivo. E o caso do pronome os do trecho da canção "Força estranha". Esse pronome, que substitui o substantivo pés, é, justamente por isso, pronome substantivo. Também há pronomes que acompanham os substantivos a fim de caracterizá-los ou determiná-los, atuando em funções típicas dos adjetivos. São, justamente por isso, chamados pronomes adjetivos. É o caso do pronome meus, do mesmo trecho. Esse pronome acompanha, determina o substantivo pés.
Há seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, demonstrativos, relativos, indefinidos e interrogativos. Você vai estudar agora cada um deles.
Os pronomes pessoais indicam diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve assume os pronomes eu ou nós, emprega os pronomes tu, vós, você, vocês, Vossa Excelência ou algum outro pronome de tratamento para designar a quem se dirige e ele, ela, eles ou elas para fazer referência à pessoa ou ao assunto de que fala.
Os pronomes pessoais variam de acordo com as funções que exercem nas orações, dividindo-se em pronomes do caso reto e pronomes do caso oblíquo. Também são considerados pessoais os chamados pronomes de tratamento.
Para estudar os pronomes pessoais, será necessário fazer referências a vários termos da análise sintática. Se você tiver dúvidas sobre eles, procure esclarecê-las na parte do livro dedicada a Sintaxe.
São do caso reto os pronomes pessoais que nas orações desempenham a função de sujeito ou predicativo do sujeito:
Primeira pessoa: eu (singular) - nós (plural)
Segunda pessoa: tu ( singular) - vós (plural)
Terceira pessoa: ele, ela ( singular ) - eles, elas ( plural)
Na língua culta, formal - falada ou escrita -, esses pronomes não devem ser usados como complementos verbais. Frases como "Vi ele na rua", "Encontrei ela na praça", "Trouxeram eu até aqui", comuns na língua oral cotidiana, não são aceitas no padrão formal da língua. Na língua culta, devem ser usados os pronomes oblíquos correspondentes: "Vi-o na rua", "Encontrei-a na praça", "Trouxeram-me até aqui".
São do caso oblíquo os pronomes pessoais que, nas orações, desempenham as funções de complemento verbal (objeto direto ou indireto) ou complemento nominal. A forma dos pronomes do caso oblíquo varia de acordo com a tonicidade com que são pronunciados nas frases da língua, dividindo-se em átonos e tônicos.
primeira pessoa : me (singular); nós ( plural)
segunda pessoa: te ( singular); vós (plural)
terceira pessoa: o, a, se, lhe, (singular); os, as, se, lhes (plural)
Os pronomes me, te, nos e vos podem complementar verbos transitivos diretos ou indiretos. Em "Ela me ama", o me complementa o verbo amar, que não pede preposição (amar alguém). Em "O livro me pertence", o me complementa o verbo pertencer, transitivo indireto (pertencer a alguém). Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como objetos diretos; as formas lhe e lhes como objetos indiretos. Não é possível dizer, na língua culta, "Eu lhe amo". Como os pronomes me, te, nos e vos, o pronome se pode ser objeto direto ou indireto. Nesse caso, é reflexivo, ou seja, indica que o sujeito pratica a ação sobre si mesmo ("Ela se cortou").
Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combinar-se com os pronomes o, os, a, as, dando origem a formas como mo, mos, ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, lhas; no-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. Observe o uso dessas formas nos exemplos que seguem:
- Compraste o livro?
- Ora, entreguei-to ontem, não te lembras?
- Não deram a notícia a vocês?
- Não, não no-la deram.
No português falado no Brasil, essas combinações não são usadas. Na língua literária, no entanto, seu emprego não é raro, como se vê em Gonçalves Dias ("Não te esqueci, eu to juro."), ou em Fernando Pessoa ("Dobrada à moda do Porto fria? Não é prato que se possa comer frio, mas trouxeram-mo frio."). Na língua oral de Portugal, essas combinações são freqüentes. Os pronomes o, os, a, as podem sofrer adaptações fonológicas depois de certas terminações verbais: quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a terminação verbal é suprimida:
fiz + o = fi-lo fazeis + o = fazei-lo dizer + a = dizê-la e quando o verbo termina em som nasal, o pronome assume as formas no, nos, na, nas: viram + o = viram-no, retém + a = retém-na, repõe + os = repãe-nos, tem + as = tem-nas
PRONOMES OBLÍQUOS TÔNICOS
Primeira pessoa mim ( singular), nós ( plural )
Segunda pessoa ti (singular), vós ( plural)
Terceira pessoa ele, ela, si( singular), eles, elas, si ( plural)
Os pronomes do caso oblíquo tônicos são sempre regidos por preposições, como a, até, contra, de, em, entre, para, por, sem. A combinação da preposição com alguns desses pronomes originou as formas comigo, contigo, consigo, conosco e convosco. As preposições essenciais introduzem sempre pronomes pessoais do caso oblíquo e nunca pronomes do caso reto. Por isso, preste atenção às frases abaixo, em que se exemplifica a forma culta de utilizar esses pronomes:
Não existe nada entre mim e ti.
Não foi comprovada nenhuma ligação entre ti e ela.
Não há nenhuma acusação contra mim.
Não saia sem mim.
Há construções em que a preposição, apesar de surgir anteposta a um pronome, rege a oração inteira, e não o pronome. Nesses casos, se o sujeito for um pronome, deverá ser do caso reto:
Trouxeram vários livros para eu ler.
Não saia sem eu permitir.
Note que as orações podem ser desdobradas, o que daria origem a "Trouxeram vários livros para que eu lesse" e "Não saia sem que eu permita". Não resta dúvida de que o pronome a ser empregado é mesmo do caso reto (eu).
As formas conosco e convosco são substituídas por com nós e com vós quando os pronomes pessoais são reforçados por palavras como outros, mesmos, próprios, todos, ambos ou algum numeral:
Ela terá de ir com nós todos.
Estavam com vós outros quando chegaram as encomendas?
Ele assegurou que viajaria com nós dois.
O pronome si é exclusivamente reflexivo no português do Brasil. O mesmo ocorre com a forma consigo. Observe seu emprego nas frases abaixo:
Ela é extremamente egoísta. Só é capaz de pensar em si.
Ele normalmente fala consigo mesmo em voz alta.
A SEGUNDA PESSOA INDIRETA
A chamada segunda pessoa indireta ocorre quando se empregam pronomes que, apesar de indicarem o interlocutor (portanto, a segunda pessoa), exigem o verbo na terceira pessoa. E o caso dos chamados pronomes de tratamento, que podem ser observados no quadro seguinte.
Pronome de tratamento: Vossa Alteza, V.A., Usado para se dirigir a príncipes, duques.
Vossa Eminência, Abreviatura: V. Ema., para se dirigir a cardeais.
Vossa Excelência, Abreviatura: V. Ex.a, para se dirigir a altas autoridades e oficiais generais.
Vossa Magnificência, Abreviatura: V. Mag.a, para se dirigir a reitores de universidades.
Vossa Majestade, Abreviatura: V.M., para se dirigir a reis, imperadores.
Vossa Santidade, Abreviatura: V.S., para se dirigir a papa.
Vossa Senhoria, Abreviatura: V.S.a, para tratamento cerimonioso.
- Esses pronomes efetivamente representam uma forma indireta de tratamento de um interlocutor. Quando se trata um senador por "Vossa Excelência", por exemplo, faz-se referência à excelência que esse senador supostamente tem para poder ocupar o cargo.
As formas da relação acima (Vossa Excelência, Vossa Majestade, Vossa Senhoria) devem ser usadas quando designamos a segunda pessoa do discurso, ou seja, o interlocutor; para designar a terceira pessoa, ou seja, aquela de quem se fala, é necessário substituir Vossa por Sua, obtendo os pronomes Sua Alteza, Sua Eminência, Sua Excelência, etc.
Também são pronomes de tratamento o senhor, a senhora e você, vocês. O senhor e a senhora são empregados no tratamento cerimonioso; você e vocês, no tratamento familiar. Você e vocês são largamente empregados no português do Brasil, praticamente substituindo as formas tu e vós.
É importante notar que esses pronomes de tratamento exigem o verbo e outros pronomes de terceira pessoa. Observe a frase seguinte:
Vossa Excelência apresentará seu projeto na sessão de hoje?
No caso de você e vocês, essas relações devem ser atentamente observadas. As formas você e vocês podem ser usadas no papel de pronomes pessoais do caso reto (atuando como sujeito ou predicativo) ou no de pronomes pessoais do caso oblíquo (atuando como complementos verbais e nominais):
Você já foi a Roma?
O mais indicado para o cargo é você.
Vi você ontem na praça.
Darei as respostas a você.
Nunca houve nada entre mim e você.
Também se usam as formas oblíquas o, a, os, as; lhe, lhes, se, si e consigo em combinação com você, vocês (e outros pronomes de tratamento):
Você não foi porque não quis. Eu o havia avisado do encontro.
Já lhe disse várias vezes que você não deve insistir. Você só é capaz de pensar em si?
Você só se preocupa consigo mesmo?
Na língua culta, não se devem misturar os tratamentos tu e você, como ocorre com freqüência, no Brasil, na língua oral cotidiana. Devem-se evitar frases como:
Se você precisar, vou te ajudar.
Em seu lugar, devemos usar frases com tratamento uniforme:
Se você precisar, vou ajudá-lo. (ou ajudar você) ou
Se (tu) precisares, vou te ajudar.
Na língua coloquial, utiliza-se com freqüência a forma a gente como pronome de primeira pessoa do plural. O verbo deve permanecer na terceira pessoa do singular: Com o tempo, a gente aprende cada coisa! Na língua formal, essa forma deve ser substituída por nós.
3 PRONOMES POSSESSIVOS
Os pronomes possessivos fazem referência as pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de algo. São os seguintes:
primeira pessoa do singular: meu, meus, minha, minhas
primeira pessoa do plural: nosso, nossos, nossa, nossas
segunda pessoa do singular: teu, teus, tua, tuas
segunda pessoa do plural: vosso, vossos, vossa, vossas
terceira pessoa do singular: seu, seus, sua, suas
terceira pessoa do plural: seu, seus, sua, suas
Leia a explicação abaixo para entender a forma que os pronomes possessivos assumem na frase.
A forma do possessivo depende da pessoa gramatical a que se refere. O gênero e o número concordam com o objeto possuído:
Dou meu apoio e minha solidariedade.
Meu e minha são pronomes possessivos relativos à primeira pessoa do singular, em sintonia com o pronome eu, também da primeira pessoa, implícito na forma verbal dou.
Estão, respectivamente, no masculino e no feminino singular, em concordância com os substantivos apoio e solidariedade. Os pronomes de tratamento utilizam os possessivos da terceira pessoa:
Vossa Excelência apresentou sua proposta na sessão de hoje?
Você deve encaminhar seu relatório à direção do colégio.
Esteja certo de que seus colegas o apoiarão.
Na língua coloquial, a tendência é construir frases relacionando você com os possessivos da segunda pessoa do singular ("Você trouxe o teu livro?"). Essa tendência deve ser evitada na língua formal falada ou escrita.
Em algumas construções, os pronomes pessoais oblíquos átonos assumem valor de possessivos:
Vou seguir-lhe os passos.
(= Vou seguir seus/os seus passos.)
"E além de tudo me deixou mudo o violão." (Chico Buarque, "A Rita")
( = deixou mudo meu/o meu violão.)
Observe que o artigo é optativo antes dos possessivos:
"Meu coração é um balde despejado"( Fernando Pessoa)
"O meu amor sozinho é assim como um jardim sem flor"
(Carlos Lira e Vinicius de Moraes, "Primavera")
4 PRONOMES DEMONSTRATIVOS
Os pronomes demonstrativos indicam a posição dos seres designados em relação às pessoas do discurso, situando-os no espaço, no tempo ou no próprio discurso.
Apresentam-se em formas variáveis (em gênero e número) e invariáveis:
primeira pessoa: este, estes, esta, estas, isto
segunda pessoa: esse, esses, essa, essas, isso
terceira pessoa: aquele, aqueles, aquela, aquelas, aquilo
As formas de primeira pessoa indicam proximidade de quem fala ou escreve:
Este rapaz é um velho companheiro.
Esta blusa que estou usando é confortável.
Os demonstrativos de primeira pessoa podem indicar também o tempo presente em relação a quem fala ou escreve:
Nestas últimas semanas, parece que o mundo mudou mais do que nos últimos séculos.
As formas esse, esses, essa, essas e isso indicam proximidade da pessoa a quem se fala ou escreve:
O que é isso que está em sua mão?
Nunca imaginei que esse corpo conseguisse suportar tanto trabalho.
"Esse seu olhar quando encontra o meu, fala de umas coisas..." ("Esse seu olhar", Tom Jobim).
Os demonstrativos de segunda pessoa também podem indicar o passado ou o futuro próximos de quem fala ou escreve:
Meu rendimento aumentou nesses meses.
(o emissor refere-se a meses que já passaram)
Os pronomes aquele, aqueles, aquela, aquelas e aquilo indicam o que está distante tanto de quem fala ou escreve como da pessoa a quem se fala ou escreve:
Veja aqueles monumentos.
Quem é aquela moça que está do outro lado da rua?
Esses pronomes também podem indicar um passado vago ou remoto:
Naqueles tempos, o país era mais otimista.
Naquela época, podia-se ir aos estádios e voltar vivo.
Esses pronomes demonstrativos também podem estabelecer relações entre as partes do discurso, ou seja, podem relacionar aquilo que já foi dito numa frase ou texto com o que ainda se vai dizer. Observe:
Minha tese é esta: crescimento econômico só se justifica quando produz bem-estar social.
Crescimento econômico só se justifica quando produz bem-estar social Essa é minha tese.
Este (e as outras formas de primeira pessoa) se refere ao que ainda vai ser dito na frase ou texto; esse (e as outras formas de segunda pessoa) se refere ao que já foi dito na frase ou texto.
Também se pode utilizar a oposição entre os pronomes de primeira pessoa e os de terceira na retomada de elementos anteriormente citados:
Um amigo visitou Miami e Roma. Nesta (em Roma), emocionou-se, tropeçou em história e teve uma verdadeira aula de civilização e cultura; naquela (em Miami), comprou tênis e aparelhos eletrônicos.
Há alguns pronomes demonstrativos que desempenham papel importantíssimo no interrelacionamento das partes que constituem frases e textos.
O, os, a, as são pronomes demonstrativos quando podem ser substituídos por isto, isso, aquilo ou aquele, aqueles, aquela, aquelas. É o que se verifica em frases como:
Devemos transformar nosso quadro social: é preciso que o façamos logo.
( = …é preciso que façamos isso logo.)
A que apresentar o melhor texto será aprovada.
(= Aquela que apresentar o melhor texto...)
Não se pode ignorar tudo o que já foi discutido.
( =.. tudo aquilo que já foi discutido.)
Tal, tais podem ter sentido próximo ao dos pronomes demonstrativos estudados acima ou de semelhante, semelhantes; nesses casos, são considerados pronomes demonstrativos, como ocorre nas frases:
Tal foi a constatação de todos, inevitável àquela altura.
(= Essa foi...)
Jamais supus que fossem capazes de pro ferir tal aberração!
( = semelhante aberração!)
Semelhante, semelhantes são demonstrativos quando eqüivalem a tal, tais:
Não se veriam semelhantes grosserias se as pessoas tivessem um mínimo de sensibilidade.
( = Não se veriam tais grosserias...)
Mesmo, mesmos, mesma, mesmas; próprio, próprios, própria, próprias são demonstrativos quando têm o sentido de "idêntico", "em pessoa":
Não é possível continuar insistindo nos mesmos erros.
Ela própria deve fiscalizar a mercadoria que lhe é entregue.
5 PRONOMES RELATIVOS
Os pronomes relativos se referem a um termo anterior - chamado antecedente -, projetando-o na oração seguinte, subordinada a esse antecedente. Cumprem, portanto, duplo papel: substituem ou especificam um antecedente e introduzem uma oração subordinada. Atuam, assim, como pronomes e conectivos a um só tempo. Observe:
"Bebi o café que eu mesmo preparei. "(Manuel Bandeira)
A palavra que é, na frase acima, um pronome relativo. O antecedente a que se relaciona é o café; a oração que se subordina a esse antecedente é que eu mesmo preparei.
Desdobrando o período composto acima em duas orações, percebemos claramente qual o papel desempenhado pelo pronome relativo que:
Bebi o café. Eu mesmo preparei o café.
Percebe-se que o relativo que, que introduz a segunda oração, substitui o café.Os pronomes relativos da língua portuguesa são divididos em variáveis e invariáveis:
Invariáveis
que
quem
quando
como
onde
Variáveis
qual, os quais, a qual, as quais
cujo, cujos, cuja, cujas
quanto, quantos, quantas
Que é, sem dúvida o pronome mais usado. Por isso, e/e é chamado relativo universal.
Pode ser usado com referência a pessoa ou coisa, no singular ou no plural:
Aqui está o amigo de que lhe falei.
Aqui estão os amigos de que lhe falei.
Aqui está o livro que lerei nas férias.
Aqui estão os livros que lerei nas férias.
O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente pronomes relativos. Por isso constituem recurso didático largamente empregado para verificar se palavras como que, quem e onde (que podem pertencer a mais de uma classe de palavras) são pronomes relativos. São usados com referência a pessoa ou coisa por motivo de clareza ou depois de determinadas preposições:
Ele trabalha na maior unidade do grupo empresarial, a qual produz sofisticados equipamentos eletrônicos.
(Note que o emprego de que nesse caso geraria ambigüidade, visto que poderia recuperar unidade ou grupo.)
As únicas teses sobre as quais ninguém tem dúvidas já foram discutidas e rediscutidas.
(Muitos autores não admitem o uso do que depois de sobre e outras preposições dissilábicas, como para.)
Cujo e suas flexões eqüivalem a de que, do qual, de quem. Normalmente, estabelecem relação de posse entre o antecedente e o termo que especificam:
Deve-se votar em candidatos cujo passado seja garantia de comportamento coerente.
( = o passado desses candidatos deve ser garantia...)
É um homem de cujas opiniões só se pode discordar.
(= das opiniões desse homem só se pode discordar.)
É importante notar que nunca se usa artigo depois de cujo: "cujo filho" e não "cujo o filho".
Quem refere-se a pessoa ou a algo personificado:
Este poeta, a quem o povo deveria respeitar; é o que melhor traduz a alma brasileira.
Este é meu cão, a quem prezo como companheiro.
Onde é pronome relativo quando eqüivale a em que; deve ser usado, portanto, unicamente na indicação de lugar:
Você conhece uma cidade brasileira onde se possa atravessar a rua em segurança?
Quero que você veja a escola onde fiz meus primeiros garranchos.
Quanto, quantos e quantas são pronomes relativos quando usados depois dos pronomes indefinidos tudo, todos ou todas:
Trouxe tudo quanto me pediram.
Você deve perguntar a todos quantos estavam lá.
Quando e como são relativos que exprimem noções de tempo e modo, respectivamente:
É o momento quando o céu se torna infinitamente azul.
Não aceito a forma como ela tratou você na reunião.
É fácil observar que os pronomes relativos são elementos fundamentais para a boa articulação de frases e textos: sua propriedade de atuar como pronomes e conectivos simultaneamente favorece a síntese e evita a repetição de termos.
OBSERVAÇÃO:
Alguns autores defendem a existência de pronomes relativos sem antecedentes, em frases como:
Quem não deve não teme.
Ficou quieto onde o deixaram.
Nesses casos, os pronomes quem e onde seriam equivalentes a aqueles que e no lugar em que, respectivamente.
Um equívoco muito comum associa o advérbio exclusivamente ao verbo.
Na palavra advérbio, assim como na palavra adjetivo, existe o prefixo latino ad, que indica idéia de "proximidade", "contigüidade". Portanto o nome praticamente já diz o que é o advérbio: é palavra capaz de caracterizar o processo verbal, indicando circunstâncias em que esse processo se desenvolve. E o caso, por exemplo, da palavra humildemente, que, no "Poema só para Jaime Ovalle", de Manuel Bandeira, caracteriza o processo expresso pela forma verbal pensando ("E fiquei pensando, humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei").
O papel básico dos advérbios é, por isso, relacionar-se com os verbos da língua, caracterizando os processos expressos por eles. Essa caracterização pode ter finalidade descritiva, procurando representar objetivamente os dados da realidade. Quando se diz, por exemplo, que todos estavam "dormindo profundamente", descreve-se a maneira intensa como todos dormiam.
A caracterização adverbial pode, no entanto, indicar a subjetividade de quem analisa um evento: o advérbio deixa de ter papel descritivo e passa a traduzir sentimentos e julgamentos de valor de quem escreve ou fala. É o que se verifica, por exemplo, no poema "Madrugada", de Ferreira Gullar:
Do fundo de meu quarto, do fundo
de meu corpo
clandestino
ouço (não vejo) ouço
crescer no osso e no músculo da noite
a noite
A noite ocidental obscenamente acesa
sobre meu país dividido em classes

O advérbio obscenamente é um ótimo exemplo desse outro valor dos advérbios. Modificando o adjetivo acesa, ele transmite um forte juízo de valor.
2 CONCEITO
Advérbio é a palavra que caracteriza o processo verbal, exprimindo circunstâncias em que esse processo se desenvolve. Observe:
"Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo."
(circunstâncias de tempo, negação e tempo, respectivamente)
"Todos os maridos funcionam regularmente."
(circunstância de modo)
Diferentemente do que seu nome indica, o advérbio não é modificador exclusivo do verbo. Os advérbios de intensidade e os de modo podem modificar também adjetivos e advérbios:
Esse é o procedimento menos adequado para quem se diz politicamente correto. (o advérbio menos modifica o adjetivo adequado; o advérbio politicamente modifica o adjetivo correto)
Ela procedeu muito mal.
(o advérbio muito modifica o advérbio mal)
Em alguns casos, os advérbios podem se referir a uma oração inteira; nessa situação, normalmente transmitem a avaliação de quem fala ou escreve sobre o conteúdo da oração:
Infelizmente, o Congresso não aprovou o projeto.
Lamentavelmente, ele não estará conosco na próxima semana.
As locuções adverbiais são conjuntos de duas ou mais palavras que têm valor de advérbio. Normalmente, são formadas por preposição e substantivo ou por preposição e advérbio:
Moravam lá.
Moravam ao lado da estação.
Acordei cedo.
Acordei no meio da noite.
Fiquem aqui.
Fiquem por perto.
3 CLASSIFICAÇÃO
Os advérbios e locuções adverbiais são classificados de acordo com as circunstâncias que expressam. Na relação a seguir, você encontrará as principais circunstâncias adverbiais e alguns advérbios e locuções que podem exprimi-las.
a) lugar- aqui, aí, ali, cá, lá, acolá, além, longe, perto, dentro, adiante, defronte, onde, acima, abaixo, atrás, algures ( = em algum lugar), alhures ( = em outro lugar), nenhures ( = em nenhum lugar); em cima, de cima, à direita, à esquerda, ao lado, de fora, por fora, etc.
b) tempo - hoje, ontem, anteontem, amanhã, atualmente, brevemente, sempre, nunca, jamais, cedo, tarde, antes, depois, logo, já, agora, ora, então, outrora, aí, quando; à noite, à tarde, de manhã, de vez em quando, às vezes, de repente, hoje em dia, etc.
c) modo - bem, mal, assim, depressa, devagar, rapidamente, lentamente, facilmente (e a maioria dos terminados em -mente); às claras, às pressas, à vontade, à toa, de cor, de mansinho, de cócoras, em silêncio, com rancor, sem medo, frente a frente, face a face, etc.
d) afirmação - sim, decerto, certamente, efetivamente, seguramente, realmente; sem dúvida, por certo, com certeza, etc.
e) negação - não, absolutamente, tampouco; de modo algum, de jeito nenhum, etc.
f) intensidade - muito, pouco, mais, menos, ainda, bastante, assaz, demais, bem, tanto, deveras, quanto, quase, apenas, mal, tão; de pouco, de todo, etc.
g) dúvida - talvez, quiçá, acaso, porventura, possivelmente, provavelmente, eventualmente, etc.
Você notou que as circunstâncias citadas acima podem ser expressas por um simples advérbio ou por uma locução adverbial. Há outras circunstâncias, que só podem ser expressas por locuções, como a de causa e a de finalidade. Observe:
Muitas crianças estão morrendo de fome/devido à desnutrição/por razões ignóbeis. (circunstância de causa)
Preparou-se para o exame/para aquela oportunidade.
(circunstância de finalidade)
Alguns gramáticos citam outras circunstâncias adverbiais. Muitas delas parecem subdivisões das apontadas acima, como a de freqüência (subdivisão da circunstância de tempo).
Merecem destaque os chamados advérbios interrogativos, empregados em orações interrogativas diretas ou indiretas. Esses advérbios podem exprimir lugar, tempo, modo ou causa:
Onde foram parar os livros?
Quero saber onde foram parar os livros.
Quando será a reunião?
Quero saber quando será a reunião.
Como proceder num momento tão importante?
Quero saber como proceder num momento tão importante.
Por que você aceita tudo passivamente?
Quero saber por que você aceita tudo passivamente.
4 FLEXÃO
Normalmente, os advérbios são considerados palavras invariáveis, por não apresentarem flexão de gênero e número. No entanto alguns deles - principalmente os de modo - apresentam variações de grau semelhantes às dos adjetivos.
GRAU COMPARATIVO
Como ocorre com os adjetivos, o grau comparativo pode ser de igualdade, de superioridade e de inferioridade:
Ele agia mais friamente (do) que o comparsa.
Ele agia menos friamente (do) que o comparsa.
Ele agia tão friamente quanto (ou como) o comparsa.
Para os advérbios bem e mal, as formas de comparativo são sintéticas (melhor e pior):
Ele agia melhor/pior (do) que o comparsa.
Cuidado: diante de particípios que atuam como adjetivos, são empregadas as formas analíticas mais bem e mais mal:
Ele é o mais bem informado dos jornalistas (e não o melhor informado). Este edifício é o mais mal construído de todos (e não o pior construído).
GRAU SUPERLATIVO
O superlativo dos advérbios é absoluto e pode ser formado de dois modos:
a) analítico o superlativo é obtido por meio do uso de um advérbio de intensidade:
Ele procedeu muito calmamente.
Investigaram desleixadamente demais as causas do acidente.
Certamente estão muito perto da cidade procurada.
b) sintético - o superlativo é obtido por meio do uso do sufixo -íssimo:
Ela crê muitíssimo em suas convicções.
As transformações sociais estão ocorrendo lentissimamente.
Acordo cedíssimo todos os dias.
Na linguagem coloquial e familiar, é comum o emprego do sufixo diminutivo para dar aos advérbios o valor superlativo:
Amanhã vamos acordar cedinho.
Ela faz tudo devagarinho.
Preposição é a palavra invariável que atua como conectivo entre palavras ou orações, estabelecendo sempre uma relação de subordinação. Isso significa que, entre os termos ou orações ligados por uma preposição, haverá uma relação de dependência, em que um dos termos, ou uma das orações, assume o papel de subordinante e o outro, de subordinado:
Obedeço (subordinado), aos meus princípios. (subordinante)
Continuo obediente (subordinado), aos meus princípios.(subordinante)
E uma pessoa (subordinado), de valor.(subordinante)
Tive de agir (subordinado), com cautela. ( subordinante)
Ao chegar, (subordinado), foi recebido pelo encarregado da seção.(subordinante).
Em alguns casos (particularmente nas locuções adverbais), as preposições não apenas conectam termos da oração, mas também indicam noções fundamentais à compreensão da frase. Observe:
Saí (com) pressa.
Saí (sem) pressa.
Pus (sob) a mesa.
Pus (sobre) a mesa.
Estou (com) vocês.
Estou (contra) vocês.
É evidente a diferença de sentido entre as frases de cada um dos pares acima; também é evidente que essa diferença de sentido resulta da utilização de preposições diferentes, capazes de indicar noções diferentes ao estabelecer relações entre os termos das orações.
2 CLASSIFICAÇÃO
As palavras da língua portuguesa que atuam exclusivamente como preposições são chamadas preposições essenciais. As preposições essenciais são:a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás,
Após pertence ao grupo das preposições essenciais.
OBSERVAÇÕES
1. Não se deve confundir a preposição a com o artigo definido a e com o pronome a. A preposição é invariável; o artigo e o pronome se flexionam de acordo com o termo a que se referem:
Não dou atenção (a) mexericos. (preposição - observe que não estabelece concordância com o substantivo masculino plural mexericos.)
(As) fofocas desses indivíduos, ignoro-as. (artigo definido e pronome – estabelecem concordância com o substantivo feminino plural fofocas.)
2. No português atual, a preposição trás não é usada isoladamente; atua, sempre, como parte de outras expressões: por trás, por trás de, para trás.
Há palavras de outras classes gramaticais que, em determinados contextos, podem atuar como preposições. São, por isso, chamadas preposições acidentais.
Podem atuar como preposições, por exemplo: como (= na qualidade de), conforme (= de acordo com), consoante (= conforme), exceto, fora, mediante, salvo, segundo(=conforme), senão, tirante, visto (= por), etc.
Conjuntos de duas ou mais palavras que têm o valor de uma preposição são chamados de locuções prepositivas. A ultima palavra dessas locuções é sempre uma preposição.
Eis alguns exemplos:
abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com,dentro de, embaixo de, em cima de, em frente a, em redor de, graças a, junto a, junto de, perto de, por causa de, por cima de, por trás de.
3 COMBINAÇÕES E CONTRAÇÕES
Várias preposições se ligam a palavras de outras classes gramaticais, passando a constituir um único vocábulo. Essas ligações, que ocorrem espontaneamente na língua falada, acabam se refletindo muitas vezes na língua escrita.
Ocorre combinação quando a preposição, ao unir-se a outra palavra, mantém todos os seus fonemas. É o que acontece entre a preposição a e o artigo masculino o, os: ao, aos.
Ocorre contração quando a preposição, ao unir-se a outra palavra, sofre modificações em sua estrutura fonológica. As preposições de e em, por exemplo, formam contrações com os artigos e com diversos pronomes, originando formas como do, dos, da, das; num, nuns, numa, numas; disto, disso, daquilo; naquele, naqueles, naquela, naquelas, etc. As formas pelo, pelos, pela, pelas resultam da contração da antiga preposição per com os artigos definidos.
A contração da preposição a com os artigos ou pronomes demonstrativos a, as ou com o a inicial dos pronomes aquele, aqueles, aquela, aquelas, aquilo recebe o nome de crase (que é, aliás, o nome que se dá a toda contração de vogais idênticas) e é assinalada na escrita pelo acento grave: à, às, àquele, àqueles, àquela, àquelas, àquilo.
Conjunções são palavras invariáveis que unem termos de uma oração ou unem orações.
As conjunções podem relacionar termos de mesmo valor sintático ou orações sintaticamente equivalentes - as chamadas orações coordenadas - ou podem relacionar uma oração com outra que nela desempenha função sintática - respectivamente, uma oração principal e uma oração subordinada. Ohserve:
Nossa realidade social é precária (e) nefasta.
A situação social do país é precária, (mas) ainda existem aqueles que só buscam privilégios pessoais.
Não se pode deixar de perceber (que) a situação social do país é precária.
Na primeira frase, a conjunção e une dois termos equivalentes: precária e nefasta.
Na segunda frase, a conjunção mas une duas orações coordenadas: "A situação social do país é precária" e "ainda existem aqueles que só buscam privilégios pessoais". É fácil perceber que cada uma dessas orações é completa em si mesma, podendo até mesmo ser separada da outra por ponto. Na terceira frase, a conjunção que une a oração "Não se pode deixar de perceber" à oração "a situação social do país é precária". Note que o sentido do verbo perceber, presente na primeira oração, é complementado pela segundaoração da frase: perceber, é, no caso, "perceber que a situação social do país é precária".
Isso significa que a segunda oração é subordinada à primeira, pois atua como complemento do verbo dessa primeira oração. A conjunção que está unindo uma oração subordinada à sua oração principal. As conjunções e as preposições são as chamadas palavras relacionais da língua.
São chamados locuções conjuntivas os conjuntos de palavras que atuam como conjunções. Essas locuções geralmente terminam em que: visto que, desde que, ainda que, por mais que, à medida que, à proporção que, etc.
Os mesmos critérios de classificação aplicados às conjunções simples são aplicados às locuções conjuntivas.
2 CLASSIFICAÇÃO
As conjunções são primeiramente classificadas em coordenativas e subordinativas, de acordo com o tipo de relação que estabelecem. As conjunções coordenativas ligam termos ou orações sintaticamente equivalentes. As conjunções subordinativas ligam uma oração a outra que nela desempenha função sintática; em outras palavras, ligam uma oração principal a uma oração que lhe é subordinada. De acordo com o sentido das relações que estabelecem, as conjunções coordenativas são classificadas em:
aditivas (exprimem adição, soma): e, nem, não só... mas também, etc.;
adversativas (exprimem oposição, contraste): mas, porém, contudo, todavia, entretanto,
no entanto, não obstante, etc.;
alternativas (exprimem alternância ou exclusão): ou, ou, ou, ora, ura,etc.;
conclusivas (exprimem conclusão): logo, portanto, por conseguinte, pois (posposto ao verbo), etc.;
explicativas (exprimem explicação): pois (anteposto ao verbo), que, porque, porquanto. Etc.
Já as conjunções subordinativas são classificadas em:
integrantes (introduzem orações subordinadas substantivas): que, se, como;
causais (exprimem causa): porque, como, uma vez que, visto que, já que, etc.;
concessivas (exprimem concessão): embora, ainda que, mesmo que, conquanto, apesar de que, etc.;
condicionais (exprimem condição ou hipótese): se, caso, desde que, contanto que, etc.;
conformativas (exprimem conformidade): conforme, consoante, segundo, como, etc.;
comparativas (estabelecem comparação): como, mais... (do) que, menos... (do) que, etc.;
consecutivas (exprimem consequência): que, de sorte que, de forma que, etc.;
finais (exprimem-finalidade): para que, a fim de que, que, porque, etc.;
proporcionais (estabelecem proporção): à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais..., menos..., etc.;
temporais (indicam tempo): quando, enquanto, antes que, depois que, desde que, logo que, assim que, etc.
A classificação das conjunções deve ser feita a partir de seu efetivo emprego nas frases da língua. Por isso, as relações que apresentamos não devem ser memorizadas: você deve consultá-las quando for necessário. O estudo efetivo do valor dessas conjunções só será possível quando observarmos atentamente sua atuação.

INTRODUÇÃO À SINTAXE:

A Sintaxe se ocupa do estudo das relações que as palavras estabelecem entre si nas orações e das relações que se estabelecem entre as orações nos períodos. Quando se relacionam palavras e orações, criam-se discursos, ou seja, utiliza-se efetivamente a língua para que se satisfaçam todas as necessidades de comunicação e expressão. O conhecimento da Sintaxe é, portanto, um instrumento essencial para o manuseio satisfatório das múltiplas possibilidades que existem para combinar palavras e orações.
1 FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO
Dispor as palavras em frases é o primeiro passo para a construção dos discursos. Isso significa que a frase se define pelo seu propósito de comunicação, isto é, pela sua capacidade de, num diálogo, numa tese, enfim, em alguma forma de comunicação lingüística, ser capaz de transmitir o conteúdo desejado para a situação em que é utilizada. Na fala, a frase apresenta uma entoação que indica com clareza seu início e seu fim; na escrita, esses limites são normalmente indicados pelas iniciais maiúsculas e
pelo uso de ponto (final, de exclamação ou interrogação) ou reticências. O conceito de frase é, portanto, bastante abrangente, incluindo desde estruturas lingüísticas muito simples, como:
Ai!, que em determinada situação é suficiente para transmitir um conteúdo claro, até estruturas complexas como:
Assim, a idolatria da máquina de matar que corresponde a certas fantasias do telespectador mas que nada tem a ver com a função de zelar pela segurança pública, acaba contribuindo para o surgimento dos valentões enlouquecidos dentro da tropa.
As frases de estrutura mais complexa geralmente se organizam a partir de um ou mais verbos (ou locuções verbais). A frase, ou a parte de uma frase, que se organiza a partir de um verbo ou locução verbal recebe o nome de oração. A frase estruturada em orações constitui o período, que pode ser simples (formado por apenas uma oração) ou composto (formado por duas ou mais orações). Observe:
A vida (vale) muito pouco neste país.
Trata-se de um período simples, formado por apenas uma oração organizada a partir da forma verbal destacada.
A vida neste país (vale) tão pouco (que) não se (sabe) (se) (há) limite para o pior.
Trata-se de um período composto, formado por três orações organizadas a partir dos verbos destacados e conectadas pelas conjunções grifadas. A Sintaxe se ocupa do estudo do período simples e do período composto.
2 TIPOS DE FRASES
Muitas vezes, as frases assumem sentidos que só podem ser integralmente captados se atentarmos para o contexto em que são empregadas. É o caso, por exemplo, das situações em que se explora a ironia. Pense, por exemplo, na frase "Que educação!", usada quando se vê alguém invadindo, com seu carro, a faixa de pedestres. Nesse caso, ela expressa exatamente o contrário do que aparentemente diz.
A entoação é um elemento muito importante da frase falada, pois nos dá uma ampla possibilidade de expressão. Dependendo de como é dita, uma frase simples como "É ele." pode indicar constatação, dúvida, surpresa, indignação, decepção, etc. Na língua escrita, os sinais de pontuação podem agir como definidores do sentido das frases: "É ele."; "É ele?"; "É ele!"; "É ele?!"; "E ele..."; etc.
Existem, na língua portuguesa, alguns tipos de frases cuja entoação é mais ou menos previsível, de acordo com o sentido que transmitem. Observe:
a)frases declarativas: informam ou declaram alguma coisa. Podem ser afirmativas, como:
Começou a chover.
ou negativas, como:
Ainda não começou a chover.
b) frases interrogativas: ocorrem quando se quer obter alguma informação. A interrogação pode ser direta, como nas frases:
Começou a chover?
Quem quer um louco na presidência? ou indireta, como nas frases:
Quero saber se começou a chover.
Não sei quem quer um um louco na presidência.
c) frases imperativas: são empregadas quando se quer agir diretamente sobre o comportamento do interlocutor, o que ocorre quando se dão conselhos, ordens ou quando se fazem pedidos. Podem ser afirmativas, como:
Manifeste claramente o seu pensamento ou negativas, como:
Não seja inoportuno.
d) frases exclamativas: são empregadas quando o emissor deseja expressar um estado
emotivo. É o caso de:
Começou a chover!
Vai começar tudo de novo!
e) frases optativas: são empregadas para exprimir desejo. São exemplos de frases optativas:
Deus te guie!
Bons ventos o levem!
3 AS FRASES E A PONTUAÇÃO
Uma frase é um conjunto de elementos lingüísticos estruturados para que se concretize a comunicação. Na língua oral, esses conjuntos se estruturam em sequências cuja ordenação em boa parte é feita por recursos vocais, como a entoação, as pausas, a melodia e até mesmo os silêncios. Para perceber a importância da participação desses elementos sonoros na organização da linguagem falada, basta observar alguém que esteja se comunicando em voz alta:
você vai notar que essa pessoa controla os recursos vocais mencionados para que suas frases se articulem significativamente. Assim, as frases faladas e os recursos vocais que as organizam constroem os textos falados.
Na escrita, os elementos vocais da linguagem são substituídos por um sistema de sinais visuais que com eles mantêm alguma correspondência. Esses sinais são conhecidos como sinais de pontuação e seu papel na língua escrita é semelhante ao dos elementos vocais na língua falada: participam da estruturação das frases na construção dos textos escritos. O estudo do emprego dos sinais de pontuação está ligado à percepção de seu papel estruturador na língua escrita. Isso significa que não se aprende a usá-los partindo-se do pressuposto de que eles representam na escrita as pausas e melodias da língua falada: não é esse o papel desses sinais. O estudo de seu emprego baseia-se na organização sintática e significativa das frases escritas e não nas pausas e na melodia das frases faladas.
Levando em conta tudo isso, decidimos organizar o estudo da pontuação tomando como ponto de partida os estudos de Sintaxe. Você perceberá, assim, que o conhecimento da organização sintática da língua portuguesa é um poderoso instrumento para que se alcance a pontuação correta e eficiente.
Neste primeiro capítulo, vamos falar dos sinais que delimitam graficamente as frases.
Observe:
a) o ponto final (.) é utilizado fundamentalmente para indicar o fim de uma frase declarativa:
Não há país justo sem equilíbrio social.
Não é possível que ainda se pense que há pessoas que têm mais direitos do que outras.
"A vida é a arte do encontro, embora haja muito desencontro pela vida." (Vinicius de Moraes)
b)o ponto de interrogação (?) é o sinal que indica o fim de uma frase interrogativa direta:
O que você quer aqui?
Até quando os brasileiros vão se negar a entender que miséria e desenvolvimento são inconciliáveis?
Nas frases interrogativas indiretas, utiliza-se ponto final:
Quero saber por que você não colabora.
c) o ponto de exclamação (!) é o sinal que indica o fim de frases exclamativas ou optativas (as que expressam desejo):
Que bela companheira você é!
Que Deus te acompanhe!
TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO
Nesta parte, inicia-se o estudo da sintaxe do período simples. Esse estudo se baseia na investigacão das várias funções que as palavras desempenham quando se organizam em orações. Durante o estudo das diversas funções sintáticas, você poderá relacioná-las com as classes de palavras ja estudadas nos capítulos dedicados a Morfologia. A relação entre as classes de palavras e suas possíveis funções sintáticas recebe o nome de morfossintaxe.
Observe uma frase de estrutura absolutamente simples:
Escola pública não é privada.
O que aconteceria se trocássemos a expressão "escola pública" pela expressão "escolas públicas"? O verbo (é), que esta na terceira pessoa do singular, deveria ser levado à terceira do plural (são), para adequar-se a flexão de pessoa e número da expressão alterada. Esse mecanismo sintático é a base da relação entre os termos essenciais da oração. Vamos estudá-lo mais atentamente.
1. CONCEITOS
Você já sabe que o período simples é aquele formado por apenas uma oração, que recebe o nome de absoluta. Você também já sabe que a oração é a frase ou membro de frase estruturada a partir de um verbo ou de uma locução verbal. O período simples, então, sempre apresentará um único verbo ou locução verbal, que será o ponto de partida para nosso trabalho de análise. A frase: Os agricultores participaram do protesto contra a política agrária do governo. constitui um período simples, formado por uma oração que se organiza a partir da forma verbal participaram.
Se você observar mais atentamente essa forma verbal, vai perceber que ela está na terceira pessoa do plural, porque se relaciona com a expressão "os agricultores": é fácil perceber que o termo "os agricultores" equivale ao pronome de terceira pessoa do plural eles - e você sabe que a forma verbal exigida por esse pronome é justamente uma que esteja na terceira pessoa do plural. Se você modificar a flexão do substantivo (agricultores), colocando-o no singular (agricultor), vai perceber que o verbo também sofrerá flexão de número, passando a participou:
O agricultor participou do protesto contra a política agrária do governo.
Se você optar por modificar a pessoa gramatical do verbo (de terceira para segunda ou primeira), vai perceber que não se pode manter a expressão "os agricultores" nessa oração. No período seguinte, a forma verbal participei se relaciona com a primeira pessoa do singular (eu): Participei do protesto contra a política agrária do governo.
Dessa forma, constata-se que existe entre o verbo e o termo "os agricultores" uma relação que os obriga a concordar em número e pessoa. Essa relação recebe o nome de concordância verbal, e o termo da oração com o qual o verbo concorda em número e pessoa é o sujeito.
Só faz sentido falar em sujeito quando se está lidando com orações, ou seja, quando é possível perceber uma relação de concordância entre um determinado termo de uma oração e o verbo dessa mesma oração. Sujeito é, portanto, o nome de uma função sintática - o que significa dizer que é o nome que se atribui a um dos papéis que as palavras podem desempenhar quando se relacionam umas com as outras.
Sob a ótica da morfossintaxe, pode-se afirmar que sujeito é uma função substantiva, porque são os substantivos e as palavras de valor substantivo (pronomes e numerais substantivos ou outras palavras substantivadas) que podem atuar como núcleos dessa função nas orações portuguesas. Observe a classe gramatical a que pertencem os núcleos dos sujeitos seguintes:
Os alunos (substantivo); Todos (pronome substantivo); Ambos (numeral substantivo); Os pobres (adietivo substantivado); protestaram veemente.
Quando se identifica o sujeito de uma oração, identifica-se também o predicado dessa oração. Predicado é aquilo que se declara a respeito do sujeito; em termos práticos, equivale a tudo o que resta na oração, depois de eliminado o sujeito (e o vocativo, quando ocorrer). Observe, nas orações seguintes, a divisão entre sujeito e predicado:
Os alunos; Os jogadores; (sujeito), protestaram veementemente; manifestaram sua insatisfação. (predicado)
No verão, a temperatura aumenta.
Sujeito : a temperatura
predicado: no verão, aumenta.
No predicado existe, obrigatoriamente, um verbo ou locução verbal. Para a devida análise da importância do verbo no predicado, deve-se considerar em primeiro lugar a possibilidade de dividir os verbos em dois grupos: os nocionais e os não-nocionais.
Verbos nocionais são aqueles que exprimem processos; em outras palavras, indicam ação, acontecimento, fenômemo natural, desejo, atividade mental, como lutar, fazer, ocorrer, suceder, nascer, trovejar; querer, desejar, pretender; pensar, raciocinar, considerar; julgar, etc. Esses verbos são sempre núcleo dos predicados em que aparecem. Verbos não-nocionais são aqueles que exprimem estado; são mais conhecidos como verbos de ligação: ser, estar, permanecer, ficar, continuar, tornar-se, virar, andar, achar-se, passar, acabar, persistir, etc. Os verbos não-nocionais fazem parte do predicado, mas não atuam como núcleo.
Só é possível perceber se um verbo é nocional ou não-nocional quando se considera o contexto em que é usado. Assim, na oração:
Ela anda cinco quilômetros por dia.
o verbo andar exprime uma ação, atuando como um verbo nocional. Já na oração:
Ela anda amargurada.
predomina a informação do estado do sujeito, dada pelo termo amargurada. O verbo indica que esse estado tem se mantido nos últimos dias ou semanas. Por isso se diz que, nesse caso, o verbo exprime o caráter do estado do sujeito, atuando como verbo não nocional.
Os verbos nocionais podem ser acompanhados ou não de complementos, de acordo com a sua transitividade. Um verbo que não é acompanhado de complemento é chamado de intransitivo. É o que ocorre na oração:
Criança sofre!
Nota-se que o verbo sofrer não apresenta nenhum complemento, já que o processo que expressa começa e acaba no próprio sujeito, ou seja, não transita, não passa do sujeito para um elemento que funcione como alvo ou objeto. E exatamente por isso que esse tipo de verbo é chamado de intransitivo. Como diz o nome, não transita, não passa.
Um verbo acompanhado de complemento é chamado de transitivo. Quando se diz:
"Os ombros suportam o mundo. "(Carlos Drummnnd de Andrade) nota-se que o ato de suportar tem um alvo, um objeto. O processo expresso por suportar se inicia nos ombros e passa, ou seja, transita para o mundo, alvo ou objeto desse processo. E por isso que esse tipo de verbo é chamado de transitivo. Como diz o nome, transita, passa.
Quando o complemento de um verbo transitivo não é introduzido por preposição obrigatória, o verbo é transitivo direto; quando o complemento é introduzido por preposição obrigatória, o verbo é transitivo indireto. Há verbos acompanhados de dois complementos, um deles introduzido por preposição obrigatória e outro, não.
São os verbos transitivos diretos e indiretos. Observe os exemplos:
Levaram os livros.
(verbo transitivo direto levar algo)
Duvida-se de verdades indiscutíveis.
(verbo transitivo indireto): duvidar de algo)
Enviei o convite a todos.
(verbo transitivo direto e indireto-. enviar algo a alguém)
Os termos essenciais da oração são o sujeito e o predicado. Sujeito É o termo que estabelece com o verbo uma relação de concordância em número e pessoa. É sobre ele que recai a declaração contida no predicado. É uma função substantiva da oração. Predicado é aquilo que se declara a respeito do sujeito. Nele é obrigatária a presença de um verbo ou locução verbal. No predicado, o verbo pode ou não atuar como núcleo. Os verbos nocionais (intransitivos e transitivos) atuam como núcleos dos predicados; os verbos não-nocionais (verbos de ligação), não.
Sujeito e predicado são essenciais porque constituem a estrutura básica das orações mais comuns da língua portuguesa. Entretanto em português há orações formadas apenas pelo predicado, como você verá mais adiante. O que caracteriza a existência de uma oração é a presença de um verbo ou locução verbal e não a existência obrigatória de um sujeito ligado a um predicado.

TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO
O processo expresso por um verbo nem sempre se encerra em si mesmo. O do verbo prever, por exemplo, só fica satisfatoriamente caracterizado quando se apresenta também o elemento que se prevê. Em outras palavras: prever não é simplesmente prever, mas sim "prever algo". Para obter uma unidade de significação completa, é necessário explicitar aquilo que se prevê.
Entre o verbo e os termos que com ele constituem uma unidade de significado existe uma relação que recebe o nome de transitividade. Essa relação se baseia na significação das palavras - o processo expresso pelo verbo transita do sujeito para o complemento do verbo, como você já viu no assunto anterior.
Essa relação de transitividade não é propriedade exclusiva dos verbos, pois também os nomes podem ser transitivos. A importância dos complementos é tão grande quanto a dos termos complementados: na realidade, o que é essencial para o funcionamento apropriado da língua é a relação que se estabelece entre uns e outros.
1 OS COMPLEMENTOS VERBAIS
Como você viu no capítulo anterior, os verbos nocionais podem ou não ser acompanhados de complementos. Os verbos nocionais que não são acompanhados de complementos são chamados de intransitivos. Os que apresentam complemento são chamados de transitivos. Os transitivos, por sua vez, são subclassificados em transitivos diretos, transitivos indiretos e transitivos diretos e indiretos.
Há dois tipos de complementos verbais: o objeto direto e o objeto indireto. Chama-se objeto direto o complemento que se liga ao verbo sem preposição. Chama-se objeto indireto o complemento que se liga ao verbo por meio de uma preposição obrigatória. Para detectar esses complementos, podemos transformar a oração num esquema em que surgem os pronomes indefinidos algo e alguém.
Observe:
Ocorreu um fato surpreendente ontem à noite.
O verbo ocorrer não requer complemento; seu processo se esgota no sujeito: o fato simplesmente ocorre. Esse verbo é, portanto, intransitivo.
"Solto a voz nas estradas" (Milton Nascimento)
Soltar algo: o verbo soltar faz-se acompanhar de um complemento, que se liga a ele sem preposição obrigatória; é, portanto, um verbo transitivo direto. "A voz" é objeto direto.
O país necessita de grandes investimentos em saúde e educação.
Necessitar de algo: o verbo necessitar faz-se acompanhar de um complemento introduzido por preposição obrigatória; é, portanto, um verbo transitivo indireto.
"De grandes investimentos em saúde e educação" é objeto indireto.
Informei os preços dos produtos aos clientes interessados.
Informar algo a alguém: o verbo informar faz-se acompanhar de um complemento que se liga a ele sem preposição obrigatória e de outro introduzido por preposição obrigatória; é, portanto, um verbo transitivo direto e indireto. "Os preços dos produtos" é objeto direto; "aos clientes interessados" é objeto indireto.
Sob a ótica da morfossintaxe, pode-se dizer que os complementos verbais são assim como o sujeito, funções substantivas da oração: em todas as orações acima, os núcleos dos objetos diretos e indiretos são substantivos (voz, investimentos, preços, clientes).
Além dos substantivos, podem desempenhar essas funções os pronomes e numerais substantivos e qualquer palavra substantivada.
No caso dos pronomes pessoais do caso oblíquo, devemos relembrar que alguns deles desempenham funções específicas:
a) Quando complementos verbais, os pronomes o, os, a, as atuam exclusivamente como objetos diretos, enquanto lhe e lhes atuam exclusivamente como objetos indiretos.
Observe, nos pares de orações seguintes, como esses pronomes desempenham suas funções:
- Informei os preços dos produtos aos clientes interessados.
Informei-os aos clientes interessados. (objeto direto)
- Informei os preços dos produtos aos clientes interessados.
Informei-lhes os preços dos produtos. (objeto indireto)
b) Os pronomes me, te, se, nos e vos podem atuar como objetos diretos ou indiretos, de acordo com a transitividade verbal. Observe, nos pares de orações seguintes, o uso do pronome me, extensivo a te, se, nos e vos:
Escolheram-me para representar a turma.
Escolher alguém: o verbo é transitivo direto; o pronome me é, portanto, objeto direto.
Não me pertencem os seus sonhos.
Pertencer a alguém: o verbo é transitivo indireto; o sujeito é "os seus sonhos"; o pronome me é objeto indireto.
OBSERVAÇÕES
A transitividade de um verbo só pode ser efetivamente determinada num dado contexto. Observe nas orações seguintes como um mesmo verbo pode apresentar transitividade diferente de acordo com o contexto em que ocorre:
O pior já passou. (intransitivo)
Nos últimos anos, a Fiat passou a GM na preferência dos consumidores brasileiros. (transitivo direto)
Você precisa passar a novidade aos colegas. (transitivo direto e indireto).
2. Em alguns casos, o objeto direto pode ser introduzido por preposição: é o chamado objeto direto preposicionado. Nesses casos, o verbo é sempre transitivo direto, e seu complemento é, obviamente, um objeto direto. A preposição é empregada por necessidades expressivas ou por razões morfossintáticas, mas nunca porque o verbo a exige (se isso ocorresse, o verbo seria transitivo indireto). Observe alguns casos de objeto direto preposicionado, com os respectivos comentários:
- Cumpri com a minha palavra.
Cumprir algo: o verbo é transitivo direto.
A preposição com, estruturalmente dispensável, surge como elemento enfáticoe não porque o verbo a exija.
- O novo horário incomoda a todos.
O novo horário incomoda a mim.
Incomodar alguém: o verbo é transitivo direto. A presença da preposição decorre do tipo de pronome que atua como objeto direto: um pronome indefinido relativo a pessoa (todos), que sempre admite a preposição, e um pronome pessoal oblíquo tônico (mim), que exige a preposição.
- Notadamente aos mais desfavorecidos atingem essas medidas.
Atingir alguém: o verbo é, novamente, transitivo direto. A preposição é fundamental, no caso, para evitar ambigúidade: os mais desfavorecidos são atingidos pelas medidas. Sem a preposição, a expressão "os mais desfavorecidos" passaria a sujeito, o que alteraria radicalmente o sentido da frase. Note o tom enfático da frase, típica de pronunciamentos mais exaltados.
3. Por motivos expressivos, podem surgir os chamados objetos pleonásticos: tanto o objeto direto, como o objeto indireto podem ser colocados em destaque, no início da oração, sendo depois repetidos por um pronome pessoal na posição onde deveriam naturalmente estar. Observe:
Suas músicas, ouço-as sempre com emoção.
"Suas músicas" é objeto direto; as é objeto direto pleonástico.
Aos filhos, dá-lhes o melhor de si.
"Aos filhos" é objeto indireto; lhes é objeto indireto pleonástico.
2 COMPLEMENTO NOMINAL
A transitividade não é privilégio dos verbos: há também nomes (substantivos, adjetivos e advérbios) transitivos. Isso significa que determinados substantivos, adjetivos e advérbios se fazem acompanhar de complementos. Esses complementos são chamados complementos nominais e são sempre introduzidos por uma preposição. Observe:
Espero que você tenha feito uma boa leitura do texto.
leitura é' nessa oração, núcleo do objeto direto da locução verbal "tenha feito".
Note que, nessa oração, fez-se a leitura de algo. leitura é, portanto, um nome transitivo, e "do texto" é seu complemento nominal.
Você precisa ser fiel aos princípios do partido.
Fiel é, nessa oração, núcleo do predicativo do sujeito você. No caso, é preciso ser fiel a algo. "Aos princípios do partido" complementa o adjetivo fiel; é, portanto, um complemento nominal.
Ela mora perto de uma grande área industrial.
Perto é, nessa oração, o núcleo de um adjunto adverbial de lugar. Perceba que o advérbio perto precisa de um complemento: perto de algo ou de alguém. "De uma grande área industrial" é complemento nominal do advérbio perto.
Sob a ótica da morfossintaxe, pode-se dizer que o complemento nominal é mais uma função substantiva da oração: nos casos citados acima, o núcleo dos complementos é sempre um substantivo (texto, princípios, área). Pronomes e numerais substantivos, assim como qualquer palavra substantivada, podem desempenhar essa função. Observe o pronome lhe atuando como complemento nominal na oração seguinte:
Não posso ser-lhe fiel: já empenhei minha palavra com outra pessoa.
O pronome lhe tem o valor de a alguém (fiel a alguém: no caso, a você ou a ele/ela); é, portanto, o complemento nominal do adjetivo fiel, que atua como núcleo do predicativo do sujeito.
Observe que o complemento nominal não se relaciona diretamente com o verbo da oração, e sim com um nome que pode desempenhar as mais diversas funções.
Isso significa que o complemento nominal sempre fará parte de um outro termo sintático, subordinando-se a um nome que pertence a esse termo. Observe:
A realização do projeto é necessária à população carente.
(complemento nominal) do projeto
(complemento nomínal) à população carente
(sujeito) a realização do projeto
(núcleo) realização
(predicativo do sujeito) é necessária à população carente
(núcleo) necessária
3 O AGENTE DA PASSIVA
Além da flexão de modo, tempo, pessoa e número, o verbo possui flexão de voz.
Essa flexão indica a relação que ocorre entre o sujeito de um verbo e o processo que esse mesmo verbo expressa. Observe a oração seguinte:
O presidente aprovou as medidas econômicas.
O sujeito dessa oração é "o presidente"; "as medidas econômicas" é objeto direto da forma verbal aprovou. "O presidente" é também o agente do processo verbal, ou seja, é o termo que indica quem executa o processo expresso pelo verbo; "as medidas econômicas" é o paciente desse mesmo processo verbal, pois é o termo que indica aquilo ou aquele que sofre a ação expressa pelo verbo.
Note que estamos lidando com conceitos bastante diferentes: sujeito é o termo que concorda em número e pessoa com o verbo; agente é quem pratica a ação expressa pelo verbo. Objeto direto é o termo que complementa o verbo sem preposição obrigatória; paciente é quem sofre a ação expressa pelo verbo. Na oração que estamos analisando, o sujeito é também o agente do processo verbal: isso ocorre porque o verbo está na voz ativa. Um verbo está na voz ativa quando o sujeito é também o agente do processo verbal que esse verbo expressa.
Se for alterada a voz do verbo da oração inicial, surgirá a oração:
As medidas econômicas foram aprovadas pelo presidente.
O sujeito dessa oração é "as medidas econômicas". Esse sujeito é o paciente do processo verbal. Um verbo apresenta sujeito paciente quando está na voz passiva. A locução "foram aprovadas" é, portanto, uma forma passiva do verbo aprovar. Você já viu nos capítulos dedicados aos verbos que a voz passiva formada com o verbo auxiliar ser é chamada voz passiva analítica.
"Pelo presidente" é o termo que exprime quem pratica a ação nessa construção na voz passiva. Esse termo é chamado, por isso, agente da passiva. O agente da passiva indica quem pratica a ação quando o verbo está na voz passiva (no português atual, o agente da passiva ocorre fundamentalmente na voz passiva analítica). É um termo sempre introduzido por preposição (normalmente por e suas formas contraídas com artigos pelo, pelos, pela, pelas -e com menor frequência de).
Sob a ótica da morfossintaxe, pode-se dizer que o agente da passiva é mais uma função substantiva da oração: na oração que analisamos, seu núcleo é o substantivo presidente.
Também podem atuar como agentes da passiva pronomes e numerais substantivos, além de outras palavras substantivadas.
Observe os agentes da passiva destacados nas orações seguintes:
Aquelas frutas foram colhidas por mim.
O poema é composto de dizeres populares.
Fui iludido por ambos.
AS VOZES VERBAIS
Há três vozes verbais: a ativa, a passiva e a reflexiva. Na voz ativa, o sujeito é o agente do processo verbal. Na voz passiva, o sujeito é o paciente do processo verbal. Na reflexiva, o sujeito age sobre si mesmo, sendo ao mesmo tempo agente e paciente do processo verbal.
Observe:
Os alunos obtiveram a aprovação.
Essa oração está na voz ativa: o sujeito "os alunos" é também o agente do processo verbal. Passando-a para a voz passiva, surge a oração:
A aprovação foi obtida pelos alunos.
em que "a aprovação" é o sujeito e o paciente do processo verbal, enquanto "pelos alunos" é o agente da passiva.
Numa oração como:
Um dos alunos cortou-se durante a brincadeira.
O verbo está na voz reflexiva, pois o sujeito "um dos alunos" pratica a ação verbal sobre si mesmo. O pronome se é, no caso, objeto direto da forma verbal cortou. E como se dissesse que João cortou João, ou seja, João cortou-se, por isso o se é objeto direto.
A transformação de uma oração que esteja na voz ativa em uma oração que esteja na voz passiva obedece a um esquema fixo: o sujeito da voz ativa passa a agente da passiva; o verbo da voz ativa é convertido numa locução em que surge o auxiliar ser (com menor frequência estar e ficar):
Os alunos obtiveram a aprovação.
sujeito/agente - os alunos
objeto direto/paciente
A aprovação foi obtida pelos alunos. sujeito/paciente
agente da passiva - pelos alunos
Na obtenção da forma passiva do verbo, o auxiliar assume o tempo e o modo do verbo ativo (no caso, pretérito perfeito do indicativo), enquanto este assume a forma do particípio (obtiveram - obtida).
Não pode haver voz passiva sem sujeito determinado e expresso. Por isso, é fácil perceber que somente os verbos que possuem objeto direto na voz ativa formam a voz passiva: afinal, é o objeto direto da voz ativa que dá origem ao Sujeito da voz passiva.
Em outras palavras: somente os verbos transitivos diretos e os transitivos diretos e indiretos podem formar a voz passiva.
Você já sabe que, na voz ativa, pode haver orações de sujeito indeterminado pelo verbo na terceira pessoa do plural. Um exemplo é:
Desviaram seu destino.
Nessa oração, o sujeito está indeterminado, mas é fácil perceber que esse sujeito é o agente do processo verbal - quem quer que tenha desviado seu destino praticou - e não sofreu - uma ação. Na voz passiva, teremos uma oração cujo agente da passiva estará indeterminado:
Seu destino foi desviado. (por quem?)
Ao lado dessa forma de voz passiva analítica (formada com um verbo auxiliar), podemos formar uma outra, a voz passiva sintética, da qual participa o pronome se:
Desviou-se seu destino.
Nessa oração, "seu destino" e o sujeito da forma verbal desviou-se, No plural, essa oração seria:
Desviaram-se seus destinos.
A voz passiva sintética tem como ponto de partida uma oração na voz ativa cujo sujeito está indeterminado, Para formá-la, utilizamos o pronome se, que recebe o nome de pronome apassivador ou partícula apassivadora. Essa forma de voz passiva (assim como a forma analítica) só ocorre com verbos transitivos diretos e transitivos diretos e indiretos.
Observe:
VOZ ativa: Invadiram aquela casa.
e voz passiva analítica: Aquela casa foi invadida.
voz passiva sintética: Invadiu-se aquela casa.
O verbo na voz passiva sintética concorda em número e pessoa com o sujeito da oração:
Alugou-se o apartamento. /Alugaram-se os apartamentos.
Manipulou-se o resultado da eleição. / Manipularam-se os resultados da eleição.
Divulgou-se mais um boato. / Divulgaram-se mais uns boatos.
Entregou-se o prêmio ao atleta. / Entregaram-se os prêmios ao atleta.
OBSERVAÇÕES
1. voz passiva é exclusiva dos verbos transitivos diretos e transitivos diretos e indiretos: somente em casos excepcionais se forma a voz passiva de verbos com outra transitividade. Por isso, o pronome se surge como formador da voz passiva síntética ao lado desses tipos de verbos; ao lado de verbos de ligação, intransitivos ou transitivos indiretos, o pronome se surge como indeterminador do sujeito. Observe:
Vende-se uma casa de campo.
Voz passiva sintética: vender é transitivo direto.
Informou-se o resultado aos interessados.
Voz passiva sintética: informar é transitivo direto e indireto.
Nunca se está livre de equívocos.
Oração com sujeito indeterminado: estar é verbo de ligação.
Mata-se impunemente neste país.
Oração com sujeito indeterminado:
matar é verbo intransitivo.
Sonha-se com reformas de base.
Oração com sujeito indeterminado: sonhar é transitivo indireto.
Você não pode esquecer que a voz passiva sintética tem sempre um sujeito como qual o verbo deve estabelecer concordância no singular ou no plural - o que não acontece com os casos de indeterminação de sujeito, em que o verbo deve estar obrigatoriamente no singular.
Observe que há uma semelhança entre as estruturas em que o se atua como pronome apassivador e as estruturas em que o se atua como índice de indeterminação do sujeito , em ambos os casos , o agente do processo verbal está indeterminado :
Imagina-se uma solução para o problema.
Voz passiva sintética: o sujeito da oração "é uma solução para o problema"; o agente do processo verbal está indeterminado (não se pode precisar quem imagina a solução).
Confia-se em teses suspeitíssimas.
Oração com sujeito indeterminado: o agente do processo verbal está indeterminado (não pode precisar quem confia nas teses) . Em teses suspeitíssimas é objeto indireto.
2. E possível indeterminar o sujeito dos verbos transitivos diretos utilizando o pronome se (que nesse caso será índice de indeterminação do sujeito). Para isso, o verbo deve ser acompanhado de um objeto direto preposicionado. Observe:
Estima-se aos bons amigos.
Ama-se aos pais.
Nessas duas orações, temos verbos transitivos diretos acompanhados de objetos diretos preposicionados; trata-se, portanto, de casos de indeterminação do sujeito e não de voz passiva sintética. Essas construções evitam ambiguidades: observe que as formas "Estimam-se os bons amigos." e "Amam-se os pais." podem tanto indicar a voz passiva como a voz reflexiva.
3. Na voz reflexiva, os pronomes pessoais do caso oblíquo me, te, se, nos e vos podem atuar como objetos diretos ou como objetos indiretos, de acordo com a transitividade do verbo:
Não me julgo tão competente.
Me é objeto direto (julgar algo ou alguém).
Dou-me o direito de silenciar:
Me é objeto indireto (dar algo a alguém).

ORAÇÕES COORDENADAS
As orações coordenadas são sintaticamente independentes; uma não exerce função sintática em relação à outra. Note que na palavra coordenação existe o prefixo co-, que indica "nivelamento, igualdade, companhia ; e o mesmo prefixo de cooperar, co-líder, co-piloto. Na palavra subordinação existe o prefixo sub-, que indica posição inferior: a oração subordinada é sintaticamente dependente da principal.
2 ORAÇÕES SINDÉTICAS E ASSINDÉTICAS
Você já sabe que num período composto por coordenação as orações são independentes e sintaticamente equivalentes. Isso significa que as oraçôes coordenadas não agem como se fossem termos de outra oração, nem têm um de seus termos na forma de oração.
Observe:
"Apita o árbitro, abrem-se as cortinas e começa o espetáculo." (Fiori Gigliotti)
Há três orações nesse período, organizadas a partir das formas verbais apita, abrem-se e começa. As orações coordenadas são completas, não lhes falta nenhum termo. Trata-se, portanto, de um período composto por coordenação.
A conexão entre as duas primeiras orações é feita exclusivamente por uma pausa, representada na escrita por uma vírgula. Entre a segunda e a terceira, é feita pela conjunção e. As orações coordenadas que se ligam umas às outras apenas por uma pausa, sem conjunção, são chamadas assindéticas. É o caso de "Apita o árbitro" e "abrem-se as cortinas". As orações coordenadas introduzidas por uma conjunção são chamadas sindéticas. Sindéticas e assindéticas são palavras de origem grega; a raiz é syndeton, que significa "união". No exempIo acima, a oração "e começa o espetáculo" é coordenada sindética, porque é introduzida pela conjunção e. Costuma-se chamar de coordenada inicial a primeira oração de um período composto por coordenação.
A classificação de uma oração coordenada leva em conta fundamentalmente o aspecto lógico-semântico da relação que se estabelece entre as orações. Você começa a perceber isso já nos nomes das cinco coordenadas sindéticas, que podem ser subdassificadas em aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas.
3 CLASSIFICACÃO DAS ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS
ADITIVAS
As orações coordenadas aditivas são todas aquelas que possuem como síndeto as conjunções e, nem e também. Chamam-se assim por darem a ideia de soma, adição.
ADVERSATIVAS
Tomam este nome por darem idéia de divergência quanto à primeira oração, ou seja, apresentam conjunções como mas, contudo, todavia entretanto, etc.
ALTERNATIVAS
Já diz o seu nome, propõe duas ou mais alternativas ao interlocutor; possuem como elemento conectivo as conjunções ou, ora,etc. Podem estar uma ou mais vezes na oração.
CONCLUSIVAS
As orações coordenadas sindéticas conclusivas vêm para finalizar, concluir uma primeira ideia apresentada na oração principal.
EXPLICATIVAS
Explicam a oração principal e costumam apresentar as conjunções pois, portanto, etc.

ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS
Nesta parte, você começará a estudar as orações subordinadas. Poderá
observar os processos sintáticos da subordinação e da coordenação, os tipos de orações subordinadas e, mais detalhadamente, as orações subordinadas substantivas. No poema acima, ocorrem duas orações coordenadas ("Trago as mãos caiejadas de vida / E nelas sinto, indiferente, unhas") e uma subordinada ("crescendo passageiras.").
O estudo do período composto consiste fundamentalmente em investigar as relações que se estabelecem entre orações que pertencem a um mesmo período.
Nesta parte, você verá que as orações que atuam sintaticamente como um substantivo são chamadas de orações subordinadas substantivas.
1 CONCEITO BÁSICO
Você já sabe que período é uma frase organizada em orações. Já sabe também que no período simples existe apenas uma oração, chamada absoluta, e que no período composto existem duas ou mais orações. Essas orações podem se relacionar por meio de dois processos sintáticos diferentes: a subordinação e a coordenação .
Na subordinação, um termo atua como determinante de um outro termo. Essa relação se verifica, por exemplo, entre um verbo e seus complementos: os complementos são determinantes do verbo, integrando sua significação. Consequentemente, o objeto direto e o objeto indireto são termos subordinados ao verbo, que é o termo subordinante.
Outros termos subordinados da oração são os adjuntos adnominais (subordinados ao nome que caracterizam) e os adjuntos adverbiais (subordinados geralmente a um verbo).
No período composto, considera-se subordinada a oração que desempenha função de termo de outra oração, o que equivale a dizer que existem orações que atuam como determinantes de outras orações. Observe:
Percebeu que os homens se aproximavam.
Esse período composto é formado por duas orações: a primeira estruturada em torno da forma verbal percebeu; a segunda, em torno da forma verbal aproximavam.
A análise da primeira oração permite constatar de imediato que seu verbo é transitivo direto (perceber algo). O complemento desse verbo é, no caso, a oração "que os homens se aproximavam". Nesse período, a segunda oração funciona como objeto direto do verbo da primeira. Na verdade, o objeto direto de percebeu é "que os homens se aproximavam".
A oração que cumpre papel de um termo sintático de outra é subordinada; a oração que tem um de seus termos na forma de oração subordinada é a principal. No caso do exempIo dado, a oração "Percebeu" é principal; "que os homens se aproximavam" e oração subordinada. Diz-se, então, que esse período é composto por subordinação.
Ocorre coordenação quando termos de mesma função sintática são relacionados entre si.
Nesse caso, não se estabelece uma hierarquia entre esses termos, pois eles são sintaticamente equivalentes. Observe:
Brasileiros e portugueses devem agir como irmãos.
Nessa oração, o sujeito composto "brasileiros e portugueses", adjetivos substantivados, apresenta dois núcleos coordenados entre si: os dois substantivos desempenham um mesmo papel sintático na oração.
No período composto, a coordenação ocorre quando orações sintaticamente equivalentes se relacionam. Observe:
Comprei o livro, li os poemas e fiz o trabalho.
Nesse período, há três orações, organizadas a partir das formas verbais comprei, li e fiz. A análise dessas orações permite perceber que cada uma delas é sintaticamente independente das demais: na primeira, ocorre um verbo transitivo direto (comprar) acompanhado de seu respectivo objeto direto ("o livro"); na segunda, o verbo ler,
também transitivo direto, com o objeto direto "os poemas"; na terceira, outro verbo transitivo direto, fazer, com o objeto direto "o trabalho". Nenhuma das três orações desempenha papel de termo de outra. São orações sintaticamente independentes entre si e, por isso, coordenadas. Nesse caso, o período é composto por coordenação. Note que a ordem das orações é fixada por uma questão semântica e não sintática (os fatos indicados pelas orações obedecem à ordem cronológica).
Existem períodos compostos em que se verificam esses dois processos de organização sintática, ou seja, a subordinação e a coordenação. Observe:
Percebi que os homens se aproximavam e saí em desabalada carreira.
Nesse período, há três orações, organizadas respectivamente a partir das formas verbais percebi, aproximavam e sai.
A oração organizada em torno de percebi tem como objeto direto a oração "que os homens se aproximavam" (perceber algo); "que os homens se aproximavam", portanto, é oração subordinada a percebi. Entre as orações organizadas em torno de percebi e saí, a relação é de coordenação, já que uma não desempenha papel de termo da outra. O período é composto por coordenação e subordinação.
2 TIPOS DE ORAÇÕES SUBORDINADAS
As orações subordinadas se dividem em três grupos, de acordo com a função sintática que desempenham e a classe de palavras a que equivalem. Podem ser substantivas,
adjetivas ou adverbiais. Mais uma vez, valem os conceitos morfossintáticos, que, como
você já sabe, combinam a morfologia e a sintaxe.
Para notar as diferenças que existem entre esses três tipos de orações, tome como base a
análise de um período simples:
Só depois disso percebi a profundidade das palavras dele.
Nessa oração, o sujeito é eu, implícito na terminação verbal. "A profundidade das palavras dele" é objeto direto da forma verbal percebi. O núcleo do objeto direto é profundidade. Subordinam-se ao núcleo desse objeto os adjuntos adnominais a e "das palavras dele". No adjunto adnominal "das palavras dele", o núcleo é o substantivo palavras, ao qual se prendem os adjuntos adnominais as e dele. "Só depois disso" é adjunto adverbial de tempo.
É possível transformar a expressão "a profundidade das palavras dele", objeto direto, em oração. Observe:
Só depois disso percebi que as palavras dele eram profundas.
Nesse período composto, o complemento da forma verbal percebi é a oração "que as palavras dele eram profundas". Ocorre aqui um período composto por subordinação, em que uma oração desempenha a função de objeto direto do verbo da outra. O objeto direto é uma função substantiva da oração, ou seja, é função desempenhada por substantivos e palavras de valor substantivo. E natural, portanto, que a oração subordinada que desempenha esse papel seja chamada de oração subordinada substantiva.
Pode-se também modificar o período simples original transformando em oração o adjunto adnominal do núcleo do objeto direto, profundidade. Observe:
Só depois disso percebi a profundidade que as palavras dele continham.
Nesse período, o adjunto adnominal de profundidade passa a ser a oração "que as palavras dele continham". Você já sabe que o adjunto adnominal é uma função adjetiva da oração, ou seja, é função exercida por adjetivos, locuções adjetivas e outras palavras de valor adjetivo. E por isso que são chamadas de subordinadas adjetivas as orações
que, nos períodos compostos por subordinação, atuam como adjuntos adnominais de termos das orações principais.
Outra modificação que podemos fazer no período simples original é a transformação do adjunto adverbial de tempo em uma oração. Observe:
Só quando cai em mim, percebi a profundidade das palavras dele.
Nesse período composto, "só quando caí em mim" é uma oração que atua como adjunto adverbial de tempo do verbo da outra oração. O adjunto adverbial é uma função adverbial da oração, ou seja, é função exercida por advérbios e locuções adverbiais. Portanto, são chamadas de subordinadas adverbiais as orações que, num período composto por subordinação, atuam como adjuntos adverbiais do verbo da oração principal.
São subordinadas substantivas as que exercem funções substantivas (sujeito, objeto direto e indireto, complemento nominal, aposto, predicativo). São subordinadas adjetivas as que exercem funções adjetivas (atuam como adjuntos adnominais). São subordinadas adverbiais as que exercem funções adverbiais (atuam como adjuntos adverbiais, expressando as mais variadas circunstâncias).
Quanto à forma, as orações subordinadas podem ser desenvolvidas ou reduzidas.
Observe:
Suponho que seja ela a mulher ideal.
Suponho ser ela a mulher ideal.
Nesses dois períodos compostos há orações subordinadas substantivas que atuam como objeto direto da forma verbal suponho. No primeiro período, a oração é "que seja ela a mulher ideal". Essa oração é introduzida por uma conjunção subordinativa (que) e apresenta uma forma verbal do presente do subjuntivo (seja). Trata-se de uma oração subordinada desenvolvida. Assim são chamadas as orações subordinadas que se organizam a partir de uma forma verbal do modo indicativo ou do subjuntivo e que são introduzidas, na maior parte dos casos, por conjunção subordinativa ou pronome relativo.
No segundo período, a oração subordinada "ser ela a mulher ideal" apresenta o verbo numa de suas formas nominais (no caso, infinitivo) e não é introduzida por conjunção subordinativa ou pronome relativo. Justamente por apresentar uma peça a menos em sua estrutura, essa oração é chamada de reduzida. As orações reduzidas apresentam o verbo numa de suas formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e não apresentam conjunção ou pronome relativo (em alguns casos, são encabeçadas por preposições).
3 ESTUDO DAS ORAÇÕES SUBOORDINADAS SUBSTANTIVAS
Como você já viu, as orações subordinadas substantivas desempenham funções que no período simples normalmente são desempenhadas por substantivos. As orações substantivas podem atuar como sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo e aposto. Por isso são chamadas, respectivamente, de subjetivas, objetivas diretas, objetivas indiretas, completivas nominais, predicativas e apositivas.
Essas orações podem ser desenvolvidas ou reduzidas. As desenvolvidas normalmente se ligam à oração principal por meio das conjunções subordinativas integrantes que e se.
As reduzidas apresentam verbo no infinitivo e podem ou não ser encabeçadas por preposição.
SUBJETIVAS
As orações subordinadas substantivas subjetivas atuam como sujeito do verbo da oração principal. Observe:
É fundamental o seu comparecimento à reunião.
É fundamental que você compareça à reunião.
É fundamental você comparecer à reunião.
O primeiro período é simples. Nele, "o seu comparecimento à reunião" é sujeito da forma verbal é. Na ordem direta é mais fácil constatar isso: "O seu comparecimento à reunião é fundamental". Nos outros dois períodos, que são compostos, a expressão "o seu comparecimento a reunião" foi transformada em oração ("que você compareça a reunião" e "você comparecer à reunião"). Nesses períodos, as orações destacadas são subjetivas, já que desempenham a função de sujeito da forma verbal é. A oração "você comparecer à reunião", que não é introduzida por conjunção e tem o verbo no infinitivo, é reduzida.
Quando ocorre oração subordinada substantiva subjetiva, o verbo da oração principal sempre fica na terceira pessoa do singular. As estruturas típicas da oração principal nesse caso são:
a) verbo de ligação + predicativo - é bom..., é conveniente..., é melhor..., é claro..., está comprovado..., parece certo..., fica evidente..., etc. Observe os exemplos:
É preciso que se adotem providências eficazes.
Parece estar provado que soluções mágicas não funcionam.
b) verbo na voz passiva sintética ou analítica - sabe-se..., soube-se..., comenta-se..., dir-se- ia..., foi anunciado..., foi dito..., etc. Exemplos:
Sabe-se que o país carece de sistema de saúde digno.
Foi dito que tudo seria resolvido por ele.
c) verbos como convir, cumprir, acontecer, importar, ocorrer, suceder, parecer, constar, urgir, conjugados na terceira pessoa do singular. Exemplos:
Convém que você fique.
Consta que ninguém se interessou pelo cargo.
Parece ser ela a pessoa indicada.
Muitos autores consideram que o relativo quem deve ser desdobrado em "aquele que". Tem-se, assim, um relativo (que), que introduz oração adjetiva. Outros autores preferem entender que "Quem usa drogas" é o efetivo sujeito de experimenta. Esta nos parece a melhor solução.
OBJETIVAS DIRETAS
As orações subordinadas substantivas objetivas diretas atuam como objeto direto do verbo da oração principal:
Todos querem que você compareça.
Suponho ser o Brasil o país de pior distribuição de renda no mundo.
Nas frases interrogativas indiretas, as orações subordinadas substantivas objetivas diretas podem ser introduzidas pela conjunção subordinativa integrante se e por pronomes ou advérbios interrogativos. Observe:
Ninguém sabe / se ela aceitará a proposta. / como a máquina funciona. / onde fica o teatro. / quanto custa o remédio. / quando entra em vigor a nova lei. / qual é o assunto da palestra.
Com os verbos deixar, mandar, fazer (chamados auxiliares causativos) e ver, sentir, ouvir, perceber (chamados auxiliares sensitivos) ocorre um tipo interessante de oração subordinada substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo. Observe:
Deixe-me repousar.
Mandei-os sair.
Ouvi-o gritar.
Nesses casos, as orações destacadas são todas objetivas diretas reduzidas de infinitivo.
E, o que é mais interessante, os pronomes oblíquos atuam todos como sujeitos dos infinitivos verbais. Essa é a única situação da língua portuguesa em que um pronome oblíquo pode atuar como sujeito. Para perceber melhor o que ocorre, convém transformar as orações reduzidas em orações desenvolvidas:
Deixe que eu repouse.
Mandei que eles saíssem.
Ouvi que ele gritava.
Nas orações desenvolvidas, os pronomes oblíquos foram substituídos pelas formas retas correspondentes. É fácil perceber agora que se trata, efetivamente, dos sujeitos das formas verbais das orações subordinadas.
OBJETIVAS INDIRETAS
As orações subordinadas substantivas objetivas indiretas atuam como objeto indireto do verbo da oração principal:
Duvido de que esse prefeito dê prioridade às questões sociais.
Lembre-se de comprar todos os remédios.
COMPLETIVAS NOMINAIS
As orações subordinadas substantivas completivas nominais atuam como complemento de um nome da oração principal:
Levo a leve impressão de que já vou tarde.
Tenho a impressão de estar sempre no mesmo lugar.
Observe que as objetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto as completivas nominais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da outra, é necessário levar em conta o termo complementado. Essa é, aliás, a diferença entre o objeto indireto e o complemento nominal: o primeiro complementa um verbo; o segundo, um nome. Nos exemplos dados acima, as orações subordinadas complementam o nome impressão.
PREDICATIVAS
As orações subordinadas substantivas predicativas atuam como predicativo do sujeito da oração principal:
A verdade é que ele não passava de um impostor.
Nosso desejo era encontrares o teu caminho.
APOSITIVAS
As orações subordinadas substantivas apositivas atuam como aposto de um termo da oração principal:
De você espero apenas uma coisa: que me deixe em paz.
Só resta uma alternativa: encontrar o remédio.
OBSERVAÇÃO:
Num período composto, [e normal que um conjunto de orações subordinadas substantivas crie uma unidade sintática e semântica. Verifique o que ocorre no seguinte período:
É fundamental que você demonstre que é favorável a queo o contratem .
Qual o sujeito da forma verbal é? Responder a essa pergunta equivale a dizer o que é fundamental para quem fez a afirmação contida na frase. E a resposta é longa: "que você demonstre que é favorável a que o contratem"- afinal, é isso que é fundamental para quem fez a afirmação. Como classificar o bloco? Na verdade o bolo todo funciona como sujeito da forma verbal é, mas não pode dizer que tudo isso seja uma oração subordinada substantiva subjetiva, já que há no trecho tres orações. Deve-se dizer que o núcleo do sujeito da forma verbal é a oração " que você demonstre", cujo verbo (demonstre ) é transitivo direto; seu objeto direto é " que é favorável a que o contratem ", cujo núcleo é " que é favorável ". O nome favorável, por sua vez, é complementado pela oração "a que o contratem", oração subordinada substantiva completiva nominal.
Você pode achar isso tudo meio complicado, mas é necessário ver a fundo como rações subordinadas substantivas podem constituir unidades sintático-semânticas.
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS
Uma oração adjetiva nada mais é do que um adjetivo em forma de oração. Assim como é possível dizer "redação bem sucedida", em que o substantivo redação é caracterizado pelo adjetivo bem-sucedida, é possível dizer também "redação que fez sucesso", em que a oração "que fez sucesso" exerce exatamente o mesmo papel do adjetivo bem-sucedida, ou seja, caracteriza o substantivo redação.
1 ESTRUTURA DAS ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS
Como você já viu, as orações subordinadas adjetivas têm esse nome porque equivalem a um adjetivo. Em termos sintáticos, essas orações exercem a função que normalmente cabe a um adjetivo, a de adjunto adnominal. Observe:
Não suporto gente mentirosa.
Não suporto gente que mente.
Comparando esses períodos, é fácil perceber que a oração "que mente" e a palavra mentirosa são morfossintaticamente equivalentes: têm papel morfológico de adjetivo e função sintática de adjunto adnominal do substantivo gente, que é núcleo do objeto direto da forma verbal suporto. "Que mente" e, portanto, uma oração subordinada adjetiva.
A conexão entre oração subordinada adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é feita, no caso, pelo pronome relativo que. Vale relembrar um recurso didático largamente empregado - e já estudado neste livro, no capítulo destinado aos pronomes - para reconhecer o pronome relativo que: ele sempre pode ser substituído por o/a qual, os/as quais. "Gente que mente" equivale a "gente a qual mente"; "aluno estudioso" equivale a "aluno o qual estuda".
Convém lembrar também que é fundamental diferenciar o relativo que da conjunção integrante que, que introduz uma oração subordinada substantiva. Observe:
"Diga às pessoas que me procurarem que estarei aqui depois do almoço".
O primeiro que é pronome relativo (que = as quais). A oração "que me procurarem", que caracteriza o substantivo pessoas, é adjetiva. O segundo que, que não pode ser substituido por nenhum outro termo, é conjunção integrante. A oração "que estarei aqui depois do almoço"é subordinada substantiva objetiva direta, já que funciona como complemento direto da forma verbal diga.
Além de conectar (ou relacionar, daí o nome relativo) duas orações, o pronome relativo desempenha uma função sintática na oração subordinada: ocupa o papel que seria exercido pelo termo que o antecede. Observe:
É preciso comer alimentos. Esses alimentos não devem fazer mal à saúde. É preciso comer alimentos que não façam mal à saúde.
No primeiro caso, há dois períodos simples. No primeiro período, o substantivo alimentos exerce a função sintática de objeto direto de comer; no segundo, é núcleo do sujeito da locução verbal devem fazer. Quando os dois períodos simples são unidos num período composto, o substantivo alimentos deixa de ser repetido: em seu lugar, exercendo a função de sujeito da forma verbal façam, surge o pronome relativo que.
Note que, para os dois períodos se unirem num período composto, foi preciso alterar o modo verbal da segunda oração. Não é só o pronome relativo que desempenha função sintática. Aos demais relativos (quem, o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, onde, quanto, quando, como, ja estudamos no capítulo destinado aos pronomes) também se aplica o mesmo raciocínio. Ainda neste capítulo, você verá as funções sintáticas desses relativos.
Quando são introduzidas por um pronome relativo e apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvidas. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo (podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio).
Observe:
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
No primeiro período, há uma oração subordinada adjetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome relativo que e apresenta verbo conjugado no pretérito perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração subordinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há pronome relativo e seu verbo está no infinitivo.
2 ASPECTOS SEMÂNTICOS: ORAÇÕES RESTRITIVAS E EXPLICATIVAS
Na relação que estabelecem com o termo que caracterizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de duas maneiras diversas. Há aquelas que restringem o sentido do termo antecedente, individualizando-o - são as chamadas subordinadas adjetivas restritivas - e aquelas que realçam um detalhe ou amplificam dados sobre o antecedente, que já se encontra suficientemente definido - são as subordinadas adjetivas explicativas. Observe:
Jamais teria chegado aqui, não fosse a gentileza de um homem que passava naquele momento.
O homem, que se considera racional, muitas vezes age animalescamente.
No primeiro período, a oração "que passava naquele momento" restringe e particulariza o sentido da palavra homem: trata-se de um homem específico, único, que se caracteriza, no caso, por estar passando por um determinado lugar num determinado momento. A oração, na verdade, limita o universo de homens, isto é, não se refere a todos os homens. E, portanto, uma oração subordinada adjetiva restritiva. No segundo período, a oração "que se considera racional" não tem sentido restritivo em relação à palavra homem: na verdade, essa oração apenas explicita uma idéia que já sabemos estar contida no conceito de homem. A oração não faz referência a um determinado homem, e sim ao conjunto de homens, a todos os homens, a qualquer homem. Trata-se, portanto, de uma oração subordinada adjetiva explicativa.
Se você ler atentamente em voz alta os dois períodos acima, vai perceber que a oração subordinada adjetiva explicativa é separada da oração principal por uma pausa, que, na escrita, é representada pela vírgula. É comum, por isso, que a pontuação seja indicada como forma de diferenciar as orações explicativas das restritivas: de fato, as explicativas vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não. Essa diferença é facilmente perceptível quando se está diante de um período escrito por outrem; no entanto, quando é preciso redigi-lo, é necessário levar em conta as diferenças de significado que as orações restritivas e as explicativas implicam (afinal, é quem está escrevendo que vai ter de colocar as vírgulas nesse caso!). Em muitos casos, a oração subordinada adjetiva será explicativa ou restritiva de acordo com o que se pretende dizer. Observe:
Mandei um telegrama para meu irmão que mora em Roma.
Mandei um telegrama para meu irmão, que mora em Roma.
No primeiro período, é possível afirmar com segurança que a pessoa que fala ou escreve tem, no mínimo, dois irmãos, um que mora em Roma e um que mora em outro lugar. A palavra irmão, no caso, precisa ter seu sentido limitado, ou seja, é preciso restringir seu universo. Para isso se usa uma oração subordinada adjetiva restritiva. No segundo período, é possível afirmar com segurança que a pessoa que fala ou escreve tem apenas um irmão, o qual mora em Roma. A informação de que o irmão mora em Roma não é uma particularidade, ou seja, não é um elemento identificador, diferenciador, e sim um detalhe que se quer realçar.
Observe as diferenças de sentido produzidas nos períodos seguintes pelo uso de orações subordinadas adjetivas restritivas e explicativas:
O país que não trata a educação como prioridade não pode fazer parte do rol das nações civilizadas.
O país, que não trata a educação como prioridade, não pode fazer parte do rol das nações civilizadas.
No primeiro período, faz-se uma afirmação de caráter genérico, irrestrito, que se aplica todo e qualquer país que não trata a educação como prioridade.
Restringindo a palavra país, a oração subordinada adjetiva restritiva limita, particulariza seu sentido, tornando-a aplicável a determinado grupo de países. No segundo período, faz-se referência a um pais cuja situação é bem conhecida por quem fala e por quem ouve. No caso, a informação de que ele não trata a educação como prioridade é considerada um fato notório, a que se quer dar destaque.
Os homens cujos princípios não são sólidos acabam se corrompendo.
Os homens, cujos princípios não são sólidos, acabam se corrompendo.
No primeiro período, está-se afirmando que apenas alguns homens aqueles que não têm princípios sólidos são corruptíveis. O termo homens tem seu sentido particularizado, limitado pela oração subordinada adjetiva restritiva ("cujos princípios não são sólidos", introduzida pelo relativo cujos). No segundo período, faz-se uma afirmação de caráter genérico: todos os homens de um determinado universo (um clube, um partido político, uma escola, uma cidade, um país ou até mesmo o planeta todo) são corruptíveis, porque se considera a falta de solidez dos princípios uma característica comum a todo e qualquer homem de um determinado conjunto, que, como já foi dito, pode até ser o planeta todo. A oração subordinada adjetiva é, nesse caso, explicativa.
A empresa tem duzentos funcionários que moram em Guaratinguetá.
A empresa tem duzentos funcionários, que moram em Guaratinguetá.
No primeiro período, afirma-se que a empresa tem mais de duzentos funcionários, dos quais duzentos moram em Guaratinguetá. A oração "que moram em Guaratinguetá" limita, restringe o sentido da palavra funcionários. É subordinada adjetiva restritiva. No segundo período, afirma-se que a empresa tem exatamente duzentos funcionários e que todos, absolutamente todos, moram em Guaratinguetá. A oração subordinada adjetiva é explicativa.
ORAÇÕES SUBORDI NADAS ADVERBIAIS
Nesta parte, você vai estudar a última parte do período composto por subordinação, com as orações subordinadas adverbiais, isto é, aquelas que exercem a função de adjunto adverbial do verbo da oração principal. Na frase, a oração subordinada adverbial é "Quando uma menina vira mulher", que agrega uma circunstância de tempo à oração principal.
1 INTRODUÇÃO
Você já sabe que uma oração subordinada adverbial exerce a função de adjunto adverbial do verbo da oração principal. Observe:
Naquele momento, senti uma das maiores emoções de minha vida. Quando vi a Pietá, senti uma das maiores emoções de minha vida.
No primeiro período, "naquele momento" e um adjunto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal senti. No segundo período, esse papel é exercido pela oração "Quando vi a Pietá", que é, portanto, uma oração subordinada adverbial temporal. Essa oração é desenvolvida, já que é introduzida por uma conjunção subordinativa (quando) e apresenta uma forma verbal do modo indicativo (vi, do pretérito perfeito do indicativo). Seria possível reduzi-la, obtendo algo como:
Ao ver a Pietá, senti uma das maiores emoções de minha vida.
"Ao ver a Pietá" é uma oração reduzida porque apresenta uma das formas nominais do verbo (ver é infinitivo) e não é introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma preposição (a, combinada com o artigo o).
2 ASPECTOS SEMÂNTICOS: AS CIRCUNSTÂNCIAS
Ao estudar os adjuntos adverbiais, você viu que sua classificação é feita com base nas circunstâncias que exprimem. Com as orações subordinadas adverbiais ocorre a mesma coisa. A diferença fica por conta da quantidade: há apenas nove tipos de orações subordinadas adverbiais, enquanto os adjuntos adverbiais são pelo menos quinze. As orações adverbiais adquirem grande importância para a articulação adequada de idéias e fatos e por isso são fundamentais num texto dissertativo, como você poderá constatar a seguir.
Você fará agora um estudo pormenorizado das circunstâncias expressas pelas orações subordinadas adverbiais. É importante compreender bem essas circunstâncias e observar atentamente as conjunções e locuções conjuntivas utilizadas em cada caso.
CAUSA
A idéia de causa está diretamente ligada àquilo que provoca um determinado fato.
As orações subordinadas adverbiais que exprimem causa são chamadas causais.
A conjunção subordinativa mais utilizada para a expressão dessa circunstância é porque. Outras conjunções e locuções conjuntivas muito utilizadas são como (sempre introduzindo oração adverbial causal anteposta à principal), pois, lá que, uma vez que, visto que. Observe:
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
Como ninguém se interessou pelo proleto, não houve outra alternativa a não ser cancelálo.
Já que você não vai, eu não vou.
Por ter muito conhecimento (= Porque/Como tem muito conhecimento), é sempre consultado. (reduzida de infinitivo)
CONSEQUENCIA
A idéia de conseqüência está ligada àquilo que é provocado por um determinado fato.
As orações subordinadas adverbiais consecutivas exprimem o efeito, a conseqüência daquilo que se declara na oração principal. Essa circunstância é normalmente introduzida pela conjunção que, quase sempre precedida, na oração principal, de termos intensivos, como tão, tal, tanto, tamanho. Observe:
A chuva foi tão forte que em poucos minutos as ruas ficaram alagadas.
Tal era sua indignação que imediatamente se uniu aos manifestantes.
Sua fome era tanta que comeu com casca e tudo.
OBSERVAÇÃO - É comum que o termo intensivo da oração principal fique subentendido, como na popular estrutura. - Ele é feio que dói -. A intensidade, no caso, é dada pela entonação, pelo modo de pronunciar a palavra feio: - ele é ffffeio que doi( atenção: feio esta mesmo com quatro efes, no texto), ou seja, - Ele é tão feio que sua feiúra chega a doer .
CONDIÇÃO
Condição é aquilo que se impõe como necessário para a realização ou não de um fato.
As orações subordinadas adverbiais condicionais exprimem o que deve ou não ocorrer para que se realize ou deixe de se realizar o fato expresso na oração principal. A conjunção mais utilizada para introduzir essas orações é se; além dela, podem-se utilizar caso, contanto que, desde que, salvo se, exceto se, a menos que, sem que, uma vez que (seguida do verbo no subjuntivo). Observe:
Uma vez que você aceite a proposta, assinaremos o contrato.
Caso você se case, convide-me para a festa.
Não saia sem que eu permita.
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, certamente o melhor time será o campeão.
Conhecendo os alunos ( = Se conhecesse os alunos), o professor não os teria punido. (oração reduzida de gerúndio)
CONCESSÃO
A idéia de concessão está diretamente ligada à idéia de contraste, de quebra de expectativa. De fato, quando se taz uma concessão, não se faz o que é esperado, o que é normal. As orações adverbiais que exprimem concessão são chamadas concessivas. A conjunção mais empregada para expressar essa relação é embora; além dela, podem ser usadas a conjunção conquanto e as locuções ainda que, ainda quando, mesmo que, se bem que, apesar de que. Observe:
Embora fizesse calor; levei agasalho.
Conquanto a economia tenha crescido, pelo menos metade da população continua à margem do mercado de consumo. Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / embora não estudasse). (reduzida de infinitivo)
OBSERVAÇÃO
A locução posto que é dada nos dicionários como equivalente a embora, ou seja, é indicada como concessiva: aprovado, posto que não estudasse". Na linguagem corrente, no Brasil, esse emprego não se verifica. Tem-se entanto, o uso dessa locução para idéia de explicação ou causa, como em um poema de Vinicius de Moraes, "Soneto de fidelidade", em que há uma célebre passagem que diz: "Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure". É evidente que o poeta não usou a locução posto que com o sentido que está nos dicionários.
COMPARAÇÃO
As orações subordinadas adverbiais comparativas contêm fato ou ser comparado a fato ou ser mencionado na oração principal. A conjunção mais empregada para expressar comparação é como; além dela, utilizam-se com muita frequência as estruturas que formam o grau comparativo dos adjetivos e dos advérbios: tão... como (quanto), mais (do) que, menos (do) que. Observe:
Ele dorme como um urso (dorme).
Sua sensibilidade é tão afinada quanto sua inteligência (é).
Como se pode perceber nos exemplos acima, é comum a omissão do verbo nas orações subordinadas adverbiais comparativas. Isso só não ocorre quando se comparam ações diferentes ("Ela fala mais do que faz." - nesse caso, compara-se o falar e o fazer).
CONFORMIDADE
As orações subordinadas adverbiais conformativas indicam idéia de conformidade, ou seja, exprimem uma regra, um caminho, um modelo adotado para a execução do que se declara na oração principal. A conjunção típica para exprimir essa circunstância é
conforme; além dela, utilizam-se como, consoante e segundo (todas com o mesmo valor de conforme).
Observe:
Fiz o bolo conforme ensina a receita.
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm direitos iguais.
Segundo atesta recente relatório do Banco Mundial, o Brasil é o campeão mundial de má distribuição de renda.
FINALIDADE
As orações subordinadas adverbiais finais exprimem a intenção, a finalidade do que se declara na oração principal. Essa circunstância é normalmente expressa pela locução conjuntiva a fim de que; além dela, utilizam-se a locução para que e, mais raramente, as conjunções que e porque ( = para que). Observe:
Vim aqui a fim de que você me explicasse as questões.
Fez tudo porque eu não obtivesse bons resultados. (- para que eu não obtivesse...)
Suportou todo tipo de humilhação para obter o visto americano. (= para que obtivesse...)
(reduzida de infinitivo)
"Para vender seguro de vida" é uma oração subordinada adverbial final.
PROPORÇÃO
As orações subordinadas adverbiais proporcionais estabelecem relação de proporção ou proporcionalidade entre o processo verbal nelas expresso e aquele declarado na oração principal. Essa circunstância normalmente é indicada pela locução conjuntiva à proporção que; além dela, utilizam-se à medida que e expressões como quanto mais, quanto menos, tanto mais, tanto menos. Observe:
Quanto mais se aproxima o fim do mês, mais os bolsos ficam vazios.
Quanto mais te vejo, mais te desejo.
Á medida que se aproxima o fim do campeonato, aumenta o interesse da torcida pela competição.
À proporção que se acumulam as dívidas, diminuem as possibilidades de que a empresa sobreviva.
TEMPO
As orações subordinadas adverbais temporais indicam basicamente idéia de tempo. Exprimem fatos simultâneos, anteriores ou posteriores ao fato expresso na oração principal, marcando o tempo em que se realizam. As conjunções e locuções conjuntivas mais utilizadas são quando, enquanto, assim que, logo que, mal, sempre que, antes que, depois que, desde que. Observe:
"Quando você foi embora, fez-se noite em meu viver." (Milton Nascimento & Fernando Brant)
"Enquanto os homens exercem seus podres poderes, motos e fuscas avançam os sinais vemelhos e perdem os verdes: somoos uns boçais (Caetano Veloso)
Mal você saiu, ela chegou.
Terminada a festa, todos se retiraram. (Quando terminou a festa) (reduzida de particípio)
OBSERVAÇÃO
Mais importante no que aprender a classificar as orações subordinadas adverbiais é interpretá-las adequadamente e utilizar as conjunções e locuções conjuntivas de maneira eficiente. Por isso, é desaconselhável que você faça o que muita gente costuma indicar como forma de "aprender as orações subordinadas adverbiais": "descabelar-se" para decorar listas de conjunções e, com isso, conseguir dar um rótulo as orações. Essa prática, além de fazer com que você se preocupe mais com nomenclaturas do que com o uso efetivo das estruturas lingüisticas, é inútil quando se consideram casos mais sutis de construção de frases. Observe, nas frases seguintes, o emprego da conjunção como em diversos contextos: em cada um deles, ocorre uma oração subordinada adverbial diferente. Como seria possível reconhecê-las se se par tisse de uma lista de conjunções "decoradas"? É melhor procurar compreender o que efetivamente está sendo declarado.
Como dizia o poeta, "a vida é a arte do encontro" (valor de conformidade)
Como não tenho dinheiro, não poderei participar da viagem. (valor de causa)
"E cai como uma lágrima de amor." (Antônio Carlos Jobim & Vinicius de Moraes)
(valor de comparação)
Há até casos em que a classificação depende do contexto: "Como o jornal noticiou, o teatro ficou lotado". A oração subordinada adverbial pode ser causal ou conformativa, dependendo do contexto.

O PROBLEMA DOS PORQUÊS:

A forma por que pode ser a seqüência de uma preposição (por) e um pronome interrogativo (que). Em termos práticos, é uma expressão equivalente a "por qual razão", "por qual motivo". Veja alguns casos em que ela ocorre:
Porque você agiu daquela maneira?
Não se sabe porque tomaram tal decisão.
Não é fácil saber por que a situação persiste em não melhorar.
Leia a matéria intitulada: "Por que os corruptos não vão para a cadeia". É impressionante!
Caso surja no final de uma frase, imediatamente antes de um ponto (final, de interrogação, de exclamação) ou de reticências, a seqüência deve ser grafada por quê, pois, devido à posição na frase, o monossílabo que passa a ser tônico, devendo ser acentuado:
- Ainda não terminou? Por quê?
- Você tem coragem de perguntar por quê?!
- Claro. Por quê?
- Não sei por quê!
Há casos em que por que representa a seqüência preposição + pronome relativo, equivalendo a "pelo qual" (ou alguma de suas flexões "pela qual", "pelos quais", "pelas quais"). Em outros contextos por que equivale a "para que". Observe:
Estas são as reivindicações porque estamos lutando.
O túnel porque deveríamos passar desabou ontem.
Lutamos por que um dia este país seja melhor.
Já a forma porque é uma conjunção, equivalendo a "pois", "já que", "uma vez que", "como". Observe seu emprego em outros exemplos:
A situação agravou-se porque muita gente se omitiu.
Sei que há algo errado porque ninguém apareceu até agora.
Você continua implicando comigo! É porque eu não abro mão de minhas idéias?
Porque também pode indicar finalidade, equivalendo a "para que", "a fim de". Trata-sede um uso pouco freqüente na língua atual:
Não julgues porque não te julguem. A forma porquê representa um substantivo. Significa "causa", "razão", "motivo" e normalmente surge acompanhada de palavra determinante (artigo, por exemplo). Como é um substantivo, pode ser pluralizado sem qualquer problema:
Dê-me ao menos um porquê para sua atitude.
Não é fácil encontrar o porquê de toda essa confusão.
Creio que os verdadeiros porquês mais uma vez não vieram à luz.


COMPREENSÃO DE CERTOS TIPOS DE GÊNEROS E DICAS PARA A ELABORAÇÃO DE REDAÇÕES

Gênero de texto refere-se às diferentes formas de expressão textual. Nos estudos da Literatura, temos, por exemplo, poesia, crônicas, contos, prosa, etc.
Para a Linguística, os gêneros textuais englobam estes e todos os textos produzidos por usuários de uma língua. Assim, ao lado da crônica, do conto, vamos também identificar a carta pessoal, a conversa telefônica, o email, e tantos outros exemplares de gêneros que circulam em nossa sociedade.
Quanto à forma ou estrutura das sequências linguísticas encontradas em cada texto, podemos classificá-los dentro dos tipos textuais a partir de suas estruturas e estilos composicionais.
Gêneros Orais e Escritos na Escola
Domínios sociais de comunicação Aspectos tipológicos Capacidade de linguagem dominante Exemplo de gêneros orais e escritos
Cultura Literária Ficcional Narrar; Mimeses de ação através da criação da intriga no dominio do verossímil [Conto Maravilhoso], Conto de Fadas, fábula, lenda,narrativa de aventura, narrativa de ficção cientifica, narrativa de enigma, narrativa mítica, sketch ou história engraçada, biografia romanceada, romance, romance histórico, novela fantástica, conto, crônica literária, adivinha, piada
Documentação e memorização das ações humanas Relatar Representação pelo discurso de experiências vividas, situadas no tempo Relato de experiência vivida, relato de viagem, diário íntimo, testemunho, anedota ou caso, autobiografia, curriculum vitae, noticia, reportagem, crônica social, crônica esportiva, histórico, relato histórico, ensaio ou perfil biográfico, biografia
Discussão de problemas sociais controversos Argumentar Sustentação, refutação e negociação de tomadas de posição Textos de opinião, diálogo argumentativo, carta de leitor, carta de solicitação, deliberação informal, debate regrado, assembleia, discurso de defesa (advocacia), discurso de acusação (advocacia), resenha crítica, artigos de opinião ou assinados, editorial, ensaio
Transmissão e construção de saberes Expor Apresentação textual de diferentes formas dos saberes Texto expositivo, exposição oral, seminário, conferência, comunicação oral, palestra, entrevista de especialista, verbete, artigo enciclopédico, texto explicativo, tomada de notas, resumo de textos expositivos e explicativos, resenha, relatório científico, relatório oral de experiência
Instruções e prescrições Descrever ações Regulação mútua de comportamentos Instruções de montagem, receita, regulamento, regras de jogo, instruções de uso, comandos diversos, textos prescritivos está turando o díalogo contem x=$de terminada

Sempre que nos manifestamos linguisticamente, o fazemos por meio de textos. E cada texto realiza sempre um gênero textual. Cada vez que nos expressamos linguisticamente estamos fazendo algo social, estamos agindo, estamos trabalhando. Cada produção textual, oral ou escrita, realiza um gênero porque é um trabalho social e discursivo. As práticas sociais é que determinam o gênero adequado.Mas o que então pode ser classificado como gênero textual? Pode –se dizer que os gêneros textuais estão intimamente ligados à nossa situação cotidiana. Eles existem como mecanismo organização das atividades sociocomunicativas do dia-a-dia. Assim caracterizam-se como eventos textuais maleáveis e dinâmicos. Vejamos: Nas sociedades modernas, trabalho e obtenção de dinheiro estão intrinsecamente ligados. Por isso, muitas vezes não percebemos que algumas de nossas atividades cotidianas não remuneradas também são trabalho.O trabalho representa, na sociedade em que vivemos, para cada indivíduo, uma forma de se situar na sociedade, sendo ele remunerado ou não. Por isso trabalho é parte integrante da vida de cada um de nós.Nessa perspectiva, a linguagem é um dos nossos mais relevantes trabalhos.

Gêneros textuais

Gêneros textuais são tipos específicos de textos de qualquer natureza, literários ou não.
Modalidades discursivas constituem as estruturas e as funções sociais (narrativas, discursivas, argumentativas) utilizadas como formas de organizar a linguagem. Dessa forma, podem ser considerados exemplos de gêneros textuais: anúncios, convites, atas, avisos, programas de auditórios, bulas, cartas, cartazes, comédias, contos de fadas, crônicas, editoriais, ensaios, entrevistas, contratos, decretos, discursos políticos, histórias, instruções de uso, letras de música, leis, mensagens, notícias. São textos que circulam no mundo, que têm uma função específica, para um público específico e com características próprias. Aliás, essas características peculiares de um gênero discursivo nos permitem abordar aspectos da textualidade, tais como coerência e coesão textuais, impessoalidade, técnicas de argumentação e outros aspectos pertinentes ao gênero em questão.
Porém, além desta demonstração sobre o que são os gêneros teextuais, vocês se perguntam, como o título sugere: como fazer uma boa redação?
Pode parecer ridículo falar, mas não é difícil, as redações apavoram pessoas das mais diversas idades e funções, quer estejam no ensino fundamental, médio, técnico ou superior, ou também que estejam almejando enfrentar um concurso ou o vestibular.
DICAS:
Primeiramente, não se fala de algo que não se sabe, ou que não esteja bem informado, por isso, a primeira dica é ler muito; ler é um exercício que disciplina o corpo e a mente, o corpo por você até mesmo vencer aquela preguiça que dá estudar, não é, e a mente pois você sempre a estará trabalhando. Leia o que tenhas gosto e o que possa estar ao seu alcance, além de textos que seus professores lhe pedirem, não importa do que se trata, o importante é ter conteúdo para saber utilizá-lo quando necessite.
Segundo: ao receber um tema, você em segundo lugar deve pensar em um bom título que será a base de sua redação; às vezes é difícil pensar em um título, mas para tornar fácil, você ao questionar o tema já pode elaborar um bom título para sua redação, ou seja, se o tema por exemplo for “informática”, você pode pensar em algo como “Informática: parceira ou inimiga da atualidade?”. Viu, lógico, desta forma ele está bem generalizado, mas os temas costumam vir de uma forma bem restrita, auxiliando na elaboração do título.
Terceiro: o primeiro parágrafo, que você pode construir em sete ou oito linhas no máximo, deve falar do tema, mas não vá direto ao assunto, contorne-o, pois desta forma se verá que você possui um domínio do assunto e de temas paralelos, algoque virá a enriquecer o seu texto; dependendo do mínimo e máximo de linhas que podem conter uma redação, seu desenvolvimento pode conter de um a dois parágrafos, variando-se a quantidade de linhas para que você não escreva demais e peque pelo excesso e nem escreva de menos e acabe por ter sua redação cancelada. Discorra pensando bem acerca do tema e uma dica é você mostrar prós e contras do tema e título, isso vai fazer com que você mostre então o seu domínio sobre o tema central.
Por último, no parágrafo final arremate sua redação pondo um questionamento; nele você explicitará suas opiniões pessoais e uma das melhores formas de encerrar é deixar uma pergunta, não se posicionando nem a favor nem contra, vai a seu critério, mas é um modo de terminar de forma sutil e deixando o questionamento “no ar” faz com que quem leia a sua redação cogite acerca dela.
Enfim, deixo mais uma vez a dica principal, leiam muito, pois a leitura é que fará sua redação ter conteúdo, por isso leia nem que seja bula de remédio, ou tiras em quadrinhos de jornal, saiba que lendo se descobrem palavras novas e se aprimora o léxico particular.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

TUFANO, Douglas. Guia Prático da Nova Ortografia.2ed. São Paulo. Melhoramentos. 2008.

NETO, Paquale Cipró; INFANTE, Ulisses. Gramática da Língua Protuguesa. 1 ed. São Paulo. Scipione. 1998.

www.adverbios.com.br

www.brasilescola.com.br

Uol Educação

www.algosobre.com.br/gramatica

www.internauta.com

Livro Português Mania Edição Reformulada. 2005.

Gramática e Literatura, coleção Novos Tempos, Ensino Médio, Volume Único.

Novas Palavras Português. Ensino Médio, Volume Único.

www.gramatica.dcl.br

Curso Completo de Português, IDEB. Antônio de Ciqueira e Silva & Rafael Bertolin.

Novas Palavras: Língua Portuguesa: Ensino Médio. Emília Amaral. [et. Al.] 2 ed. Ed renov- São Paulo: FTD, 2005. Coleção Novas Palavras.

www.google.com

www.recantodasletras.uol.com.br/compreensãodetextos

www.infoescola.com/compreensãodetextos/

pt.wikipedia.org/wiki/compreensãodetextos/

www.portaldoestudante.com.br/compreesãodetextos/

www.brasilescola.com.br/oracoescoordenadassindeticasassindeticas

PT.wikipedia.org/wiki/G%c3%AAnero_gramatica Acesso em 28/10/2010.

www.soportugues.com.br/secoes/genero/ Acesso em 28/10/2010.