segunda-feira, 21 de junho de 2010

FANZINES

O que são Fanzines?

Trabalho realizado na Disciplina de Artes

Professor: Renê de Oliveira Dias

São publicações alternativas e independentes feitas geralmente em folha de papel A4. Se utilizam colagens, desenhos feito à mão e de muita criatividade. É comum possuírem uma aparência poluída.


No início tratava de assuntos como ficção científica e na década de 70 falava de bandas do cenário punk, depois ewvoluíram para assuntos como política, literatura, sexo, quadrinhos, poesias, feminismo, jornalismo investigativo, e o que mais puder ser expresso em uma folha de papel.

Aliás, essa liberdade de escolha de temas e a forma como os mesmos são tratados é uma das várias características que diferem um Zine de uma publicação normal.

São distribuídos gratuitamente e no máximo é pedida uma contribuição voluntária para ajudar nas cópias do original.



sexta-feira, 4 de junho de 2010

HISTÓRIA - A VINDA DA FAMÍLIA REAL PARA O BRASIL

Através de um Texto de Laurentino Gomes "O que seria de nós se a família real não tivesse vindo para cá?", a professora Karina Voss da Disciplina de História promoveu um Debate com os alunos dos 3ºs Anos 09 e 10. Segundo ela o texto faz uma abordagem diferente do que é encontrado nos livros didáticos e faz os alunos pensarem de forma crítica e analítica sobre a nossa História. Em equipes, fizeram cartazes e representaram como seria o Brasil se a família real não tivesse chegado aqui.

Parabéns pelo Excelente Trabalho!


Texto: O que seria de nós se a família real não tivesse vindo para cá?

O Brasil foi descoberto em 1500, mas inventado como país em 1808. Nenhum outro período da história brasileira testemunhou mudanças tão profundas, decisivas e aceleradas quanto os 13 anos em que a corte portuguesa permaneceu no Rio de Janeiro.

Num espaço de apenas uma década e meia, o Brasil deixou de ser uma colônia proibida, atrasada e ignorante para se tornar um país independente. Portanto, o que se comemorou em 2008 não foram apenas os 200 anos da chegada da corte ao Rio de Janeiro. O próprio Brasil esteve fazendo aniversário.

Uma forma de avaliar a herança de dom João VI na história brasileira é abordar a questão pelo avesso: como seria hoje o país se a corte não tivesse fugido para o Rio?

Apesar da relutância em fazer conjecturas sobre o passado, todos os historiadores concordam que, na hipótese mais provável, o Brasil simplesmente não existiria na sua forma atual. A Independência e a República teriam vindo mais cedo, mas a antiga colônia portuguesa se fragmentaria em um retalho de pequenos países, parecido com seus vizinhos da América espanhola, sem nenhuma afinidade entre si além do idioma.

É preciso levar em conta que, 200 anos atrás, o Brasil não existia. Pelo menos, não como é hoje: um país integrado, de fronteiras definidas e habitantes que se identificam como brasileiros, torcem pela mesma seleção de futebol, usam os mesmos documentos, frequentam escolas de currículo unificado e comercializam produtos e serviços entre si.

Às vésperas da chegada da corte ao Rio de Janeiro, o Brasil era apenas uma grande fazenda extrativista de Portugal, sem noção alguma de identidade nacional. As diferentes províncias eram mais ou menos autônomas, sem comércio ou qualquer outra forma de relacionamento, que tinham como ponto de referência apenas o governo português, sediado em Lisboa, do outro lado do Atlântico.

“Cada capitania tinha seu governante, sua pequena milícia e seu pequeno tesouro; a comunicação entre elas era precária, sendo que geralmente uma ignorava a existência da outra”, assinalou o naturalista francês Auguste Saint-Hilaire, que percorreu o país entre 1816 e 1822.

Mantida por três séculos isolada no atraso e na ignorância, a colônia era composta por ilhas escassamente habitadas e cultivadas, distantes e estranhas entre si. Nem mesmo a expressão “brasileiro” era reconhecida como sendo a designação das pessoas que nasciam no Brasil.

Panfletos e artigos publicados no começo do século 19 discutiam se a denominação correta seria brasileiro, brasiliense ou brasiliano. O jornalista Hipólito José da Costa, dono do jornal Correio Braziliense, publicado em Londres, achava que as pessoas naturais do Brasil deveriam se chamar brasilienses. Na sua opinião, brasileiro era o português ou o estrangeiro que lá se estabelecera. Brasiliano, o indígena.



Mãos à obra- Tudo mudaria com a chegada do príncipe regente. Em 1808, passados os atropelos da viagem, era hora de colocar mãos à obra. Dom João não perdeu tempo.

Caberia a ele e seu ministério criar um país a partir do nada. Foram inúmeras as decisões administrativas que o príncipe regente tomou. As novidades começaram a aparecer num ritmo alucinante e teriam grande impacto no futuro do país.

Na escala em Salvador, a medida principal foi a abertura dos portos. Na chegada ao Rio de Janeiro, foi a concessão de liberdade de comércio e indústria manufatureira no Brasil.

A decisão, anunciada no dia 1º de abril de 1808, revogava um alvará de 1785, que proibia a fabricação de qualquer produto na colônia. Combinada com a abertura dos portos, representava na prática o fim o sistema colonial.

Livres das proibições, inúmeras indústrias começaram a despontar no território brasileiro. A primeira fábrica de ferro foi criada em 1811, na cidade de Congonhas do Campo, pelo então governador de Minas Gerais, dom Francisco de Assis Mascarenhas, o conde da Palma. Em outras regiões foram erguidos moinhos de trigo e fábricas de barcos, pólvora, cordas e tecidos.

A abertura de novas estradas, autorizada por dom João ainda na escala em Salvador, ajudou a romper o isolamento que até então vigorava entre as províncias. Sua construção estava oficialmente proibida por lei desde 1733, com a desculpa de combater o contrabando de ouro e pedras preciosas.

As regiões mais distantes foram exploradas e mapeadas. O Pará e o Maranhão ganharam uma nova carta hidrográfica. Goiás, a sua primeira companhia de navegação. Expedições percorreram os rios tributários do Amazonas até as nascentes e estabeleceram a comunicação fluvial entre o Mato Grosso e São Paulo. A navegação a vapor foi inaugurada em 1818 por Felisberto Caldeira Brant, futuro marquês de Barbacena e primeiro embaixador do Brasil em Londres depois da Independência.

A Gazeta do Rio de Janeiro, primeiro jornal publicado em território nacional, começou a circular no dia 10 de setembro de 1808, impresso em máquinas trazidas da Inglaterra. Com uma ressalva: só imprimia notícias favoráveis ao governo.

O mapa da mina - A maior de todas as conquistas de dom João VI, no entanto, foi mesmo a preservação da integridade territorial brasileira. Dois séculos atrás, a unidade política e territorial do Brasil era muito frágil. Sem a mudança da corte portuguesa, os conflitos regionais teriam se aprofundado, a tal ponto que a separação entre as províncias seria quase inevitável. “Essas colônias estariam de fato perdidas para a metrópole se Dom João não migrasse para o Brasil”, afirmou em suas memórias o Almirante sir Sidney Smith, comandante da esquadra que levou a corte para o Rio.

Uma prova dessa fragilidade foi a própria delegação brasileira enviada a Portugal para participar das votações das Cortes entre 1821 e 1822. Embora o Brasil tivesse direito a 65 deputados, só 46 comparecem às sessões em Lisboa, o que os deixava em ínfima minoria diante da representação portuguesa, composta por 100 delegados. Apesar da inferioridade numérica, os brasileiros se dividiram nas votações. Os delegados das províncias do Pará, Maranhão, Piauí e Bahia se mantiveram fiéis à coroa portuguesa e votaram sistematicamente contra os interesses brasileiros das demais regiões. Em nova demonstração de falta de consenso, em 1822 essas províncias do Norte e Nordeste não aderiram à Independência. Dom Pedro I teve de recorrer à força militar para convencê-las a romper os laços com o governo português.

Com base nessas divergências regionais, o historiador americano Roderick J. Barman, autor do livro Brazil - The Forging of a Nation (”Brasil - o forjar de uma nação”, inédito em português), levanta algumas hipóteses sobre qual teria sido o destino dos territórios portugueses na América sem a mudança da corte para o Rio de Janeiro. Barman acredita que o Brasil poderia ter se desintegrado em três diferentes países. É fácil imaginar as consequências dessa separação:
- Esse Brasil dividido em pedaços autônomos nem de longe teria o poder e a influência que o país exerce hoje sobre a América Latina. Na ausência de um Brasil grande e integrado, o papel provavelmente caberia à Argentina, que seria, então, o maior país do continente;


- Brasília, a capital federal plantada no cerrado por Juscelino Kubitschek em 1961 para estimular e simbolizar a integração nacional, nunca teria existido. O esforço de integração teria dado lugar à rivalidade e à disputa regional;


- Na escola, quando abrissem seus livros de Geografia, as crianças gaúchas aprenderiam que a floresta Amazônica era um santuário ecológico de um país distante, situado ao norte, na fronteira com a Colômbia, a Venezuela e o Peru;


- As diferenças regionais teriam se acentuado. É possível que, a esta altura, as regiões mais ricas desse mosaico geográfico estariam discutindo medidas de controle da emigração dos vizinhos mais pobres, como fazem hoje os americanos em relação aos mexicanos;


- Nordestinos seriam impedidos de migrar para São Paulo. Em contrapartida, ao viajar de férias para as paradisíacas praias da Bahia ou do Ceará, os paulistas teriam de providenciar passaportes e, eventualmente, pedir visto de entrada;


- O comércio e o intercâmbio entre as diversas regiões seriam muito menores e mais complicados. Ao vender seus produtos para Goiás, Mato Grosso ou Tocantins, os cariocas, paulistas e paranaenses teriam de pagar tarifas de importação - e vice-versa.

O pai da criança

À luz da realidade do Brasil atual, tudo isso parece mero devaneio. Ainda assim, não se deve subestimar a importância de dom João VI na construção da identidade dos brasileiros de hoje.

Por essa razão, o balanço que a maioria dos estudiosos brasileiros faz da transferência da corte para o Rio de Janeiro tende a ser positivo, apesar de todas as fraquezas pessoais do rei. Graças a ele, o Brasil se manteve como o país de dimensões continentais, que hoje é o maior herdeiro da língua e da cultura portuguesas. Para o historiador Oliveira Lima, dom João VI foi “o verdadeiro fundador da nacionalidade brasileira”, por duas razões principais: assegurou a integridade territorial e deu início à classe dirigente que se responsabilizaria pela construção do novo país.

Ironicamente, esse legado não seria desfrutado por dom João ou pela metrópole portuguesa. “Ele próprio regressava menos rei do que chegou”, disse Oliveira Lima, ao tratar do retorno do rei a Lisboa, em 1821. “Deixava contudo o Brasil maior do que o encontrara.” Em outras palavras, ao mudar o Brasil, dom João VI o perdeu para sempre. O resultado foi a Independência, em 1822.

LAURENTINO GOMES